Winston Churchill (1874 – 1965),
o primeiro-ministro que liderou o governo de coalizão formado na Grã-Bretanha
de 1940 a 1945 para enfrentar o nazismo durante a Segunda Guerra Mundial,
assentou-se na História Universal pela porta da frente, envergando o manto dos
grandes líderes inspiradores que conduzem seus povos a destinos alvissareiros.
Havemos de concordar que poucas coisas se comparam em alvíssaras ao fato de
conseguir derrotar, às custas de sangue, sofrimento, suor e lágrimas, a
bestialidade psicopata representada pela visão deturpada de mundo capitaneada
por Hitler e sua gangue de degenerados. As capacidades de liderança, de
inspirar as massas, de analisar a conjuntura com lucidez, de tomar decisões
corajosas e determinantes, compunham, em Churchill, um conjunto de atributos
reconhecido por seus pares dentro e fora de seu país, e sua personalidade
incomum teve um peso importante no desfecho da guerra, que pendeu, felizmente,
para o lado civilizatório.
Churchill, dotado de uma presença
de espírito sagaz, de raciocínio rápido e do dom da oratória, foi um frasista
excepcional, e ele mesmo sabia disso. Tanto é que usava e abusava das tiradas
de efeito, e até hoje lembramos de algumas delas, proferidas no calor do
conflito, como: “Nós lutaremos nas praias, nós lutaremos nos campos, nós
lutaremos nas colinas, nós jamais nos renderemos”; “Se Hitler invadisse o
Inferno, eu faria uma referência favorável ao diabo na Câmara dos Comuns”; “Uma
cortina de ferro baixou sobre a Europa”; “O que eu espero, senhores, é que
depois de um razoável período de discussão, todo mundo concorde comigo”. Pais
ingleses costumavam homenagear Churchill colocando seu nome nos filhos, como no
caso de um tal John Winston Lennon (1940 – 1980), que também faria História,
mas isso são outros acordes.
Chucrchill, no entanto, também
tinha lá seus defeitos e falhas, pois era humano. Quem melhor as conhecia era
sua esposa, Clementine, que, certa feita, o aconselhou, por carta, dizendo-lhe
assim: “É para você dar ordens e, se eles não fizerem o serviço direito – com
exceção do rei, do arcebispo da Cantuária e do presidente da Câmara –, você
pode demitir qualquer pessoa, portanto, com esse poder terrível, você tem de
combinar urbanidade, gentileza e uma calma olímpica... Você não vai conseguir
os melhores resultados com irritabilidade e grosseria”. Churchill e suas frases
servem de inspiração para os povos em dificuldades homéricas. Mas Clementine
lega à História uma pérola de lucidez nas esferas da gestão e das relações
sociais e profissionais.
(Crônica de Marcos Fernando Kirst publicada no jornal "Pioneiro", de Caxias do Sul, em 21 de outubro de 2019)
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