Peter Parker é o nome da pessoa comum que se esconde sob a máscara do
Homem-Aranha. Tony Stark é o Homem-de-Ferro. Bruce Wayne é o milionário que se
transforma em Batman e Clark Kent é a identidade terráquea do Super-Homem.
Essas são informações de domínio comum a quem passou a infância lendo gibis,
como eu, ou acompanha avidamente as recentes produções cinematográficas de
Hollywood, como os adolescentes contemporâneos. O fascínio que esses
personagens exercem no imaginário juvenil é o fato de, por trás das máscaras de
super-heróis, serem todos eles cidadãos triviais, inseridos na vida diária sem
chamar a atenção para os poderosos feitos que protagonizam quando vestem seus
uniformes, em nome do bem comum.
Minha vida de leitor me colocou em contato imaginário com esses seres fantasiosos
durante muitas vezes ao longo dos anos. Ultimamente, no entanto, minha atual
carreira de escritor tem me proporcionado um contato próximo com heróis em carne
e osso, que atuam em nome do bem comum e da proteção dos cidadãos na vida real:
os professores de ensino fundamental e médio. Desprovidos de superpoderes, sem
uniformes coloridos e sem identidades secretas, usam seus nomes verdadeiros e
todos os poderes que a criatividade e a vontade de ensinar lhes oferecem, em
nome da luta contra o maior de todos os vilões: a ignorância e o distanciamento
do saber.
Independentemente do valor dos salários que recebem, a despeito da
eventual falta de condições estruturais e mesmo emocionais, conseguem superar
os maiores obstáculos e fazem a diferença, despertando o encantamento pela
leitura em crianças e jovens estudantes que, de forma lúdica e sensível,
recebem as dicas relativas a um caminho a ser trilhado rumo à transformação
pessoal e à conquista da cidadania. O brilho que ilumina os olhos de crianças e
adolescentes ao travarem contato com o autor dos livros e crônicas que
trabalharam em sala de aula encontra eco no brilho da alma dos professores que,
naquele mágico momento, têm a certeza de que alguma semente vital foi plantada.
São meus heróis de hoje, esses educadores de carne e osso. E sequer
precisam invocar os poderes de Greyskull.
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 31 de agosto de 2012)
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