sábado, 1 de setembro de 2012

Meu super-herói preferido


Peter Parker é o nome da pessoa comum que se esconde sob a máscara do Homem-Aranha. Tony Stark é o Homem-de-Ferro. Bruce Wayne é o milionário que se transforma em Batman e Clark Kent é a identidade terráquea do Super-Homem. Essas são informações de domínio comum a quem passou a infância lendo gibis, como eu, ou acompanha avidamente as recentes produções cinematográficas de Hollywood, como os adolescentes contemporâneos. O fascínio que esses personagens exercem no imaginário juvenil é o fato de, por trás das máscaras de super-heróis, serem todos eles cidadãos triviais, inseridos na vida diária sem chamar a atenção para os poderosos feitos que protagonizam quando vestem seus uniformes, em nome do bem comum.
Minha vida de leitor me colocou em contato imaginário com esses seres fantasiosos durante muitas vezes ao longo dos anos. Ultimamente, no entanto, minha atual carreira de escritor tem me proporcionado um contato próximo com heróis em carne e osso, que atuam em nome do bem comum e da proteção dos cidadãos na vida real: os professores de ensino fundamental e médio. Desprovidos de superpoderes, sem uniformes coloridos e sem identidades secretas, usam seus nomes verdadeiros e todos os poderes que a criatividade e a vontade de ensinar lhes oferecem, em nome da luta contra o maior de todos os vilões: a ignorância e o distanciamento do saber.
Independentemente do valor dos salários que recebem, a despeito da eventual falta de condições estruturais e mesmo emocionais, conseguem superar os maiores obstáculos e fazem a diferença, despertando o encantamento pela leitura em crianças e jovens estudantes que, de forma lúdica e sensível, recebem as dicas relativas a um caminho a ser trilhado rumo à transformação pessoal e à conquista da cidadania. O brilho que ilumina os olhos de crianças e adolescentes ao travarem contato com o autor dos livros e crônicas que trabalharam em sala de aula encontra eco no brilho da alma dos professores que, naquele mágico momento, têm a certeza de que alguma semente vital foi plantada.
São meus heróis de hoje, esses educadores de carne e osso. E sequer precisam invocar os poderes de Greyskull.
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 31 de agosto de 2012)

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