Sou ligado em experiências científicas. Gosto de assistir a
documentários científicos na televisão e de ler reportagens sobre as novidades
da ciência. O dia em que eu ficar famoso e vier a ser convidado a responder a esses
questionários que se aplicam a celebridades, já sei que resposta darei ao
quesito “se não tivesse essa profissão, que profissão você escolheria?”. Eu
responderei: seria cientista. Que não leiam isso meus antigos professores de
química, biologia e física do primeiro e segundo graus (é, eu sou do tempo do
primeiro e do segundo graus, galera), que eles morreriam de rir. Ou de medo. Até
porque eles certamente recordariam daquela vez em que eu fiquei sozinho no
laboratório de física da escola e... Bem... Deixa pra lá. Sou cronista
(felizmente), sigamos lendo a crônica.
Por gostar de assuntos relativos à ciência é que fiquei
dia desses assistindo na tevê a um documentário sobre uma experiência feita não
sei onde com pombos. Descobriram os cientistas que os pombos que voam em bandos
seguem as decisões aéreas de um líder. O líder normalmente é o pombo mais
forte, que voa mais alto, mais rápido, mais decidido. É ele quem orienta o voo
da pombaiada toda, guinando à esquerda, depois à direita, mais para cima,
descida amalucada em parafuso, um rasante sobre os fios de luz e... Ooopaaaa...
Subida repentina na vertical, como os pombos tanto gostam. Isso sim, que é
pombo-líder! Só tem uma coisa, que os cientistas descobriram. O pombo-líder não
pode errar. Se errar, babau. É destituído imediatamente do cargo e outro assume
o seu lugar.
Os cientistas concluíram isso inserindo nas costas do
pombo-líder um aparelho que recebia os raios solares e enviava a ele
coordenadas equivocadas, fazendo-o errar o plano de voo. Filmavam o voo do
bando e depois analisavam o que acontecia. Era batata: os pombos percebiam que
o líder estava desorientado, levando-os a rumos incertos, e logo outro pombo
assumia o comando, o ex-pombo-líder sendo deixado para a rabeira do grupo. O
que os cientistas ainda não sabem dizer é se são os pombos que destituem o
líder equivocado e colocam outro em seu lugar ou se é o próprio líder que, ao
perceber sua incompetência, cede o posto a outro e se retira, abrindo espaço
para quem demonstra ter mais capacidade de liderança em benefício do bem comum
da comunidade columbina.
O fato é que, entre os pombos, líder incompetente, que não
sabe para onde está conduzindo o grupo, não dura muito. Não tem lugar. Não
mantém a posição. Perde credibilidade. Precisa se retirar. Pombos são bichinhos
bem inteligentes.
(Crônica publicada no jornal "Pioneiro" em 6 de março de 2017)
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