Invade a mente, sempre que nos flagramos assistindo a um telejornal,
nesses tempos soturnos, a amplitude da palavra “vilão”. Outrora, precisávamos
assistir a algum um filme em busca de um malvado contra o qual torcer,
irmanados aos esforços do herói que a trama nos proporcionava. Ou combatê-los
nas páginas dos livros, em desenhos animados ou, quando muito, nas seções
policiais dos jornais, onde, naqueles tempos, os da vida real se restringiam. Agora,
algo mudou. E parece que para pior.
Os dicionários conceituam o termo elencando sinônimos e aproximações como
“ordinário, desprezível, infame”. Todos se aplicam, às vezes em conjunto,
outras por exclusão, dependendo da figura a quem o conceito passa a designar de
forma natural devido aos atos de sua autoria que subitamente emergem das
penumbras em que praticavam suas ações vis, as vilanias. O dicionário etimológico
que me está sempre à mão explica que a palavra é oriunda do latim, “villanu”,
referindo-se aos habitantes rústicos, rudes e grosseiros das antigas vilas
romanas. Com o passar dos séculos e o suceder das vilanias, o termo evoluiu (ou
involuiu) para o significado que hoje atribuímos a ele.
Um dos mais antigos vilões registrados no imaginário humano é o diabo, sempre
combatido pelas forças do bem que, sabemos desde já, para nosso imediato
alívio, sairão vencedoras ao final. Elencar uma lista de vilões marcantes (reais
e imaginários) a partir daí fica fácil, ao sabor da memória: o Bicho-Papão, a
Bruxa Má, a Madrasta da Cinderela, o Lobo Mau, os Irmãos Metralha, o
Mancha-Negra, Drácula, o Capitão Gancho, o Coringa, o Duende Verde, Freddy
Kruger, Lex Luthor, Hitler, Himmler, Goering, Goebbels, Dick Vigarista, Lady
Macbeth, Iago, Heathcliff, Mr. Hyde, Jack o Estripador, Professor Moriarty, Capitão
Feio, Lúcifer, Belzebu, Torquemada, Gargamel, João Bafo-de-Onça, a Rainha de
Copas, Norman Bates, Calígula, Nero, Darth Vader, Arlequina, Pinguim, Dr.
Octopus, Galactus, Hannibal Lecter, Adrian Veidt, Fantômas, o Macaco Louco, Rastapopoulos,
a Turma da Zona Norte, Godzilla e tantos, tantos outros.
Ao longo dos tempos e permeando todas as culturas do planeta, os vilões
sempre se têm feito presentes, personagens fundamentais a serem combatidos a
fim de renovar a esperança humana na preponderância de conceitos positivos e
éticos. Pena que, pelo que se tem visto, o Brasil da atualidade vem se
credenciando a ser um exportador de vilões capaz de suprir as demandas por
vilões do mundo inteiro pelos séculos vindouros. E para combatê-los? Simples: Superamigos,
ativar!
(Crônica publicada no jornal "Pioneiro", de Caxias do Sul, em 2 de outubro de 2017)
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