Os compromissos a serem cumpridos em nossas agendas (de papel, eletrônicas
ou mentais) estão a regrar, determinar e ditatorializar nossos dias, desde o
momento em que saímos da cama até a hora de retornarmos a ela. Há tarefas a
cumprir. Sempre. Algumas novas vêm substituir as já realizadas, ao passo em que
outras são cíclicas, sazonais, repetitivas, vitalícias enquanto vivermos.
Precisamos monitorar as datas de vencimento das contas do mês (e, se
depositadas em conta bancária, controlar o saldo para haver fundos), precisamos
comparecer às reuniões, obedecer aos prazos, atingir as metas, cumprir as
tarefas, assumir novos desafios, nos atualizarmos, crescermos profissional e
pessoalmente, trocar de carro, ampliar a casa, comprar casa na praia, arejar a
casa da praia antes da chegada do verão, enfeitar as casas todas já em novembro
porque dali a dois meses é Natal, e depois é Páscoa de novo, e Dia das Mães e
dos Pais e das Avós e das Crianças e dos Suricatos, e não esqueçamos do
Halloween e logo, logo, do Dia de Ação de Graças, né, já que decidimos importar
cultura. Ah, e a decisão sobre onde e como passar as férias, e o Carnaval, e os
impostos de início de ano a serem pagos com desconto e o estoque de papel
higiênico que está acabando outra vez e o material escolar e aquele filme que
todos viram menos eu ainda.
Vivemos a Era dos Dias Curtos Demais. Uma Era do Faça Tudo e Mais Um
Pouco (verdadeira desfaçatez). Enquanto isso, nas agendas superlotadas, o
espaço para a vida interior... esse sim... já era...
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 16 de novembro de 2012)
2 comentários:
Não seja assim... tão 'desesperançoso'. ;)
E nao sou... eu cultivo minha Era de Vida Interior... hehehehe
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