Descubro ao folhear os jornais,
ao zapear pela televisão, ao navegar na internet que, na terça-feira da semana
que vem, terá início mais uma edição do programa Big Brother Brasil. Será a
décima-quarta temporada deste que se transformou em um dos maiores sucessos de
audiência da televisão brasileira em todos os tempos, movimentando milhões de
reais em publicidade e atendendo ao voyeurismo que se transformou no principal
esporte nacional de beira de sofá.
Ao saber disso, fico feliz. Fico
feliz por saber que, a partir do dia 14 de janeiro e durante várias semanas
dali em diante, em todo o recinto que eu adentrar, na sala da casa de qualquer
família, no restaurante, na lanchonete, onde quer que haja uma televisão, ela
estará sintonizada nas intrigas repetitivas e rasas dos novos integrantes do
BBB. Fico feliz porque isso é um estímulo a mais para fazer andarem as minhas
leituras. Afinal, eu tenho uma pilha de livros a serem lidos que se encarapita
na cabeceira de minha cama e já abriu sucursal em quatro prateleiras de minha
estante de livros no corredor. Eles precisam ser lidos; foram criados para essa
finalidade, foram adquiridos para isso, foram-me presentados com esse intuito.
E nada melhor do que uma
programação imbecilizante na televisão para me empurrar sem desculpas as fuças
e os óculos de leitura para dentro das páginas de “O Morro dos Ventos Uivantes”
que há tantos anos ali me espera e este ano vai; para “Grande Sertões:
Veredas”, que é uma afronta pessoal ainda não ter lido; para dois volumes de
contos saborosos de Machado de Assis, cujo estilo inimitável adoça meu espírito;
para diversos títulos de Alberto Moravia, esse italiano venerável em cuja obra
viciei; para “A Volta do Gato Preto” do Erico Verissimo, em sua convidativa
versão de cronista de viagem; para aquela biografia do Rubem Braga e, quem sabe
até, para encarar de uma vez por todas o “Assim Falou Zaratustra”, já que estou
aqui a revelar lacunas de leitura.
Bem-vindo, Big Brother Brasil!
Enquanto milhões de brasileiros espiam as banalidades da casa mais vigiada do
país, eu desapareço a viajar ao redor do meu quarto, como já dizia um autor
cujo nome, só de sacana, não vou compartilhar. Se quiserem, perguntem a algum
dos brothers.
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 10 de janeiro de 2014)
3 comentários:
A sua lista de leituras tem um nível bem mais alto que a minha. :)
A minha justificativa, que dou sem ter sido requerida, é que terei que fazer leituras pesadas para meus estudos neste ano e o que preciso nas horas de folga é de leiturinhas sem compromisso. Vejo agora, porém, que minha justificativa é meio furada, pois Machado de Assis é tão agradável quanto um Marian Keyes. Bom, Grande Sertão: Veredas deve ser um pouco mais difícil, imagino. Este também é um livro que está há anos em uma lista de livros que gostaria de ter lido.
Boa sorte!
A sua lista de leituras tem um nível bem mais alto que a minha. :)
A minha justificativa, que dou sem ter sido requerida, é que terei que fazer leituras pesadas para meus estudos neste ano e o que preciso nas horas de folga é de leiturinhas sem compromisso. Vejo agora, porém, que minha justificativa é meio furada, pois Machado de Assis é tão agradável quanto um Marian Keyes. Bom, Grande Sertão: Veredas deve ser um pouco mais difícil, imagino. Este também é um livro que está há anos em uma lista de livros que gostaria de ter lido.
Boa sorte!
Oi Rafa. Bem, digamos que minha lista de leituras é um pouco pretensiosa, elencada para fazer efeito literário no texto. Alguns dos livros citados serão realmente lidos este ano, mas tenho sérias dúvidas em relação ao "Zaratustra...", ehehe. Boa sorte pra ti também, em tuas leituras de estudos. Abs
Postar um comentário