Os apaixonados pela boa literatura escrita em língua portuguesa produzida
no Brasil têm uma boa razão para celebrar a data de 12 de janeiro de 2013. Ela
marca o centenário de nascimento do maior cronista gerado em solo pátrio, um
dos grandes mestres desse gênero literário que, aos poucos, em função dos
esforços de seus discípulos, começa a receber a importância literária que lhe é
devida. Trata-se do capixaba Rubem Braga, nascido em 12 de janeiro de 1913 na
cidade de Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo, que legou às letras
nacionais uma vasta obra composta quase que totalmente pela produção de
crônicas publicadas nos diversos jornais com os quais colaborou, perenizadas
sob a forma de antologias em livros que seguem encantando leitores e ensinando
os escritores os segredos da produção dessas pequenas grandes obras-primas
carregadas de sensibilidade, lirismo, literariedade e gênio.
Cachoeiro de Itapemirim é um município brasileiro que tem o orgulho de
poder se ufanar por legar ao país duas celebridades em duas áreas de expressão
artística nacionais: Rubem Braga na literatura e outro Braga, Roberto Carlos,
na música (apesar de compartilharem sobrenome e cidade natal, não são
parentes). Devia haver alguma coisa especial, mágica e inspiradora na água
bebida pelas mães cachoeirenses ao longo da primeira metade do século passado
para gerar gênios da criação como a dupla Rubem e Roberto. Boa sugestão de
homenagem seria ler algumas crônicas do escritor tendo como trilha sonora de
fundo algumas das mais belas canções compostas pelo cantor, que tal?
Rubem Braga começou cedo a se dedicar ao ofício da escrita diária, uma vez
que, já aos 15 anos de idade, era repórter do jornal “Correio do Sul”, em
Cachoeiro de Itapemirim. Aos 19 anos formava-se em Direito em Recife, mas
jamais exerceu a profissão. Seu currículo como jornalista, atividade que praticou
até a morte em 19 de dezembro de 1990, inclui passagens por jornais em São Paulo , Belo
Horizonte, Recife, Porto Alegre e Rio de Janeiro (onde trabalhou na Rede Globo
de Televisão como redator). Acompanhou, como correspondente de imprensa, a
Revolução de 1930 e a Revolução Constitucionalista (1932), bem como foi
correspondente de guerra nos anos de 1944 e 1945 acompanhando a atuação dos
pracinhas da FEB nas batalhas na Itália durante a II Guerra Mundial. Seus
relatos do front e do cotidiano no campo de batalha mesclam o tino típico do
poder de observação do repórter com o lirismo poético narrativo que marca toda
a produção literária do cronista.
Rubem Braga, devido à qualidade ímpar do seu estilo, praticamente lança
as âncoras que vão definir o estilo literário da crônica no país, ao lado,
claro, de outros grandes nomes como João do Rio, Sérgio Porto, Stanislaw Ponte
Preta, Paulo Mendes Campos, Fernando Sabino, Millôr Fernandes e outros. Sua
fórmula consistia em deitar um olhar romântico e lírico sobre os temas do
cotidiano, expressando suas impressões no papel por meio de uma escrita
desprovida de rebuscamento e de excessos. A estética da simplicidade é a
tradução de seu gênio, como, aliás, o é na obra da maioria dos gênios. Seu
legado pode ser saboreado nos livros que permanecem e também nas crônicas
produzidas na atualidade por alguns de seus discípulos que beiram os pés de sua
qualidade, como Luís Fernando Verissimo, Fabrício Carpinejar, Jimmy Rodrigues e
alguns poucos outros.
(Texto publicado na revista Acontece Sul, na seção Planeta Livro, edição de dezembro de 2012)
2 comentários:
Oi Marcos. Parabéns pelo blog.É muito bom poder reler suas belas crônicas. Desejo a você e sua família boas festas, muita paz e saúde.
Abração
César Augusto
Ola Cesar... muito grato por visitares meu blog. Desejo tambem a voce e sua familia um otimo 2013!
Abs
Marcos K
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