Sou um curioso por natureza.
Isso faz com que eu não consiga resistir a certas práticas que o leitor bem
pode imaginar quais são. Claro que essa minha tendência, apesar de irresistível,
felizmente não chega ao ponto de me transformar em uma paródia de James Stewart,
o ator que encarnou Jeff, o personagem principal do filme “Janela Indiscreta”
(1954, de Alfred Hitchcock), que, com sua luneta, passava os dias a observar as
atividades de seus vizinhos no prédio ao lado. Não, longe disso, não sou um
voyeur, tanto é que mantenho distância jupiteriana das sessões anuais de Big
Brother na tevê.
Mas sou, sim, um curioso. A
curiosidade compõe parte de minha essência e estou certo de que ela teve
influência determinante na escolha da profissão que resolvi seguir na vida, a
de jornalista. Jornalista não curioso é igual a sapo sem verruga: foge da sua
essência. Sei que a curiosidade matou o gato, mas, como não sou gato, sigo
vivendo e “escuriosando”, como diriam em Uvanova.
E aí chegamos ao que interessa.
Curioso que sou, não consigo resistir a notícias de variedades que entregam os
detalhes das listas de pedidos feitos pelos músicos para seus camarins antes dos
shows. Divirto-me analisando as exigências esdrúxulas de alguns artistas e
imaginando o que poderiam vir a solicitar outros, como morcegos verdes fritos
para Ozzy Osbourne, energéticos para Mick Jagger, água mineral sem gás para
Eric Clapton, coisas assim.
Pois eis que então me deparo com
notícia sobre a lista de pedidos dos integrantes da banda Titãs, que vai se
apresentar em Porto Alegre na sexta-feira da semana que vem. Opa, vamos ver o que
desejam os velhos roqueiros para embalar e turbinar o show no Opinião! E aí, a
surpresa! Sabendo que bebida pode ser água e que até pasto é comida, eles
singela, natural e sadiamente exigiram chá verde, bananas, maçãs, aveia, mel e
40 garrafas de... água. Uau!
É, nossos ídolos não são mais os
mesmos, mesmo. Eles mudam. E alguns, como os Titãs, para melhor!
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 30 de agosto de 2014)
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