Pois é, o pessoal agora quer ir
morar em Marte. Uma empresa espacial holandesa abriu cadastro para elencar
interessados do mundo inteiro em se transformarem em colonizadores de nosso
vizinho planeta rubro. A ideia é organizarem expedições interplanetárias que levarão
os cosmonautas até lá em uma viagem de sete meses de duração. E só de ida. Ou
seja, vão e nunca mais voltam a pisar na Terra natal.
Mais ou menos parecido com a
situação que viveram, mais de um século atrás, os imigrantes europeus que
largaram suas vidas no Velho Continente, se enfiaram em navios por alto-mar em
longas viagens e vieram colonizar a América, jamais voltando a contatar seus
lugares de origem, em uma época em que não existiam facilidades como telefone,
internet, celular, ipad, facebook, Skype, essas tralhas. De qualquer forma, aqueles
imigrantes permaneceram na superfície de nosso planeta, por mais que tenham se
deslocado. Já esses neo-migrantes almejam se tornar extraterrestres de
carteirinha, os primeiros que teremos certeza de que existem. Ousados, não?
Se forem mesmo para lá, se
tornarão ETs por adoção e finalmente passaremos a ter certeza de que haverá
vida em outro planeta. Se inteligente, não sei, mas vida. E os filhos deles se
transformarão nos primeiros marcianos de verdade. Quando a gente pensa que
Marte (a julgar pelos dados enviados de lá pelas sondas lançadas por nós de cá)
é uma terra inóspita, quente pra chuchu, desértica, sem água (há
controvérsias), sem vegetação, sem vida animal, sem shopping centers, sem rede
wi-fi, sem estádios de futebol, sem chuva e nem neve, sem novela das nove, sem
Carol Portaluppi, sem farmácias... é de impressionar o fato de mais de 200 mil
pessoas terem se inscrito como voluntárias (brasileiros, inclusive).
Bom, mas pensando bem, também
vão escapar do trânsito engarrafento, dos buracos nas estradas (lá, crateras
não são eufemismos), da corrupção generalizada, dos alarmes que disparam de
madrugada, das narrações do Galvão Bueno, das filas nos supermercados... Fora
uma que outra chuvinha de meteoros e a possibilidade de crescerem antenas e de
se ficar verde (marcianices, sabes?), começo a achar que poderá mesmo haver
mais ganhos do que perdas. Não fosse esse meu medo de alturas, até que me
habilitava...
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 12 de setembro de 2013)
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