Tá, e agora? O leitor de textos
de meu computador desconfigurou, não consigo abrir os arquivos já escritos e
tampouco produzir textos novos. E não são poucos os textos antigos que preciso
abrir para pesquisar ou para dar sequência ao trabalho, e também não são poucos
aqueles que preciso escrever hoje para atender às demandas de meu ofício, como
esta crônica aqui do Pioneiro. O que se faz numa hora dessas?
Primeiro, grita-se. Pode ser
mentalmente, mesmo, afinal, não vale a pena passar recibo de louco a toda a
vizinhança e atormentar a esposa que lê tranquila o jornal no andar de baixo.
Grita-se contra a tecnologia moderna, contra a invasão da informática no nosso
cotidiano, contra a ditadura dos computadores, contra os políticos corruptos
(que sempre é saudável aproveitar para, já que se está gritando mesmo, incluir
os políticos corruptos na jogada), contra a alta do preço do tomate e os
buracos nas estradas.
Desferidos os devidos gritos
mentais, pode-se passar para a fase dois, que é a postura da vítima. “Por que
isso acontece comigo? Por que eu? Por que justo hoje? Eu não mereço. Tenho
tanta coisa para fazer”. Depois, recomenda-se entrar logo na etapa da nostalgia
pelos velhos tempos, para aplacar um pouco o espírito. Lembrar das velhas e
boas máquinas de escrever (alternativa disponível apenas para quem tem mais de
35 anos de idade), que, quando davam xabu, bastava trocar o rolo de fita e
seguir esmurrando as teclas e parindo textos e mais textos.
Como nada disso resolve coisa
alguma, passadas todas essas etapas, o melhor é chamar um técnico (recomendável),
ou fuçar no computador para tentar resolver a coisa por conta (alto risco) ou
escrever tudo a mão e enviar por pombo-correio para a redação do Pioneiro
(funcionou, não?). Porém, desesperar, jamais.
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 14 de setembro de 2013)
Um comentário:
Vou comprar um pombo-correio tão logo saia do trabalho hoje!
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