Depois de muito tempo, voltei a
assistir a uma novela da Globo. Fiz os cálculos e descobri que já havia uma
década que eu não acompanhava uma novela, visto que a última foi “O Beijo do
Vampiro”, exibida em 2003 no horário das 19h, com Flávia Alessandra e Tarcísio
Meira (impagável no papel do vampiro Bóris). Antes disso, eu assistira a “Vamp”,
em 1991, que teve as marcantes atuações de Ney Latorraca (Vlad) e Claudia Ohana
(Natasha). Essas duas eu vi devido ao tema do vampiro, que me intriga, aliado a
uma abordagem humorística que funcionou muito bem em ambas.
Antes dessas, eu havia seguido
também atentamente os capítulos de “Roque Santeiro”, na versão exibida em 1985
e que imortalizou personagens como a Viúva Porcina na interpretação de Regina
Duarte, o Sinhozinho Malta de Lima Duarte e o próprio Roque vivido por José
Wilker. As dos anos 1970 e 1960, eu recordo de alguns títulos que me marcaram,
apesar de não as ter acompanhado detalhadamente (“Cavalo de Aço”, “Selva de
Pedra”, “Fogo Sobre Terra”, “O Casarão”, “Irmãos Coragem”, “Pecado Capital”, “O
Bem Amado”, Dancin’ Days”). Acompanhei mesmo foi “Estúpido Cupido”, em 1976, com
trilha sonora marcante e ambientada na fictícia cidade de Albuquerque,
aterrorizada pelo “bad boy” Mederiquis (o Latorraca de novo).
Mas agora decidi assistir à
refilmagem de “Saramandaia”, cuja primeira versão foi exibida em 1976, quando
eu tinha apenas dez anos e não me era permitido ver uma programação televisiva
que ia ao ar às dez da noite (“hora de ir pra cama, Marcos e Daniela”, diziam
nossos pais, a quem, aliás, obedecíamos). Hoje já sou grandinho e me permito
ficar acordado nesse horário para presenciar as hipnotizantes performances dos
atores que revivem personagens como a Dona Redonda, o João Gibão, o Professor
Aristóbulo e vários outros, seguindo a trama original saída da mente genial do
saudoso Dias Gomes.
E que prazer redescoberto esse o
de transformar em sagrado o horário da “minha novela”. Ah, que delícia poder
dizer frases como “agora não atendo, estou assistindo à minha novela”; “amanhã
não, amanhã tenho de ver a minha novela”; “depois, depois, agora tô vendo a
novela”; “tá, mas só até as nove e meia, porque depois tem a novela”; “só se
for após a novela” e “shhhh, silêncio, tô vendo a novela”. Ah, que prazer me
sentir tão brasileiro!
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 31 de julho de 2013)
Nenhum comentário:
Postar um comentário