O feriado de 21 de abril existe
no Brasil para que seja celebrada a memória de um de seus mais importantes
vultos históricos, Tiradentes, como ficou conhecido o dentista e ativista
político líder da Inconfidência Mineira, Joaquim José da Silva Xavier, executado
por enforcamento nessa data, em 1792. Por participar do movimento insurgente
que desejava a instalação da República no país, foi sentenciado à morte por
crime de lesa-majestade (ou seja, de traição à pessoa do Rei de Portugal, que,
na época, comandava os destinos da colônia brasileira). Quando o Brasil
finalmente virou República, em 1889, Tiradentes foi alçado ao posto de herói
nacional.
Mas é interessante detectar como
a História gosta de brincar com os significados das datas do calendário. Não
bastasse o 21 de abril ser dedicado à memória de Tiradentes, a data marcou
profundamente a vida dos brasileiros 30 anos atrás, quando se comemorava o
feriado no ano de 1985. Naquela feita, duas personalidades brasileiras ingressariam
na história recente do país: uma entrando em cena e a outra saindo de cena.
Três décadas atrás, 21 de abril
caiu em um domingo típico de Fórmula-1, quando os brasileiros ainda viviam
emoções palpáveis acompanhando as corridas devido à performance vitoriosa de
Nelson Piquet e a algumas promessas verde-amarelas que surgiam nas pistas. A
prova se dava no autódromo de Estoril, em Portugal, e foi vencida pelo jovem e
carismático Ayrton Senna, que subia pela primeira vez na vida ao pódio em
primeiro lugar (seria a primeira de sua carreira de 41 vitórias na Fórmula-1).
A partir dali, Senna começava a escrever uma das páginas mais brilhantes no
capítulo reservado aos ídolos do esporte nascidos em terras brasileiras.
Por causa desse feito, a
audiência à noite do “Fantástico” da TV Globo estava batendo todos os recordes
de Ibope, pois quem viu a proeza de Senna queria revê-la e quem não viu, queria
ver. Porém, os lares brasileiros naquele domingo foram chacoalhados, já próximo
das onze horas da noite, com a notícia bombástica de que o presidente Tancredo
Neves (o primeiro presidente civil eleito após o fim da ditadura militar), depois
de mais de mês lutando pela saúde, acabava de falecer. Nas curvas da política,
a história do país também se transformava aceleradamente.
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 21 de abril de 2015)
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