Exatamente 70 anos atrás, no dia
16 de abril de 1945, começava a ser escrito um dos capítulos mais definitivos,
cruéis e sangrentos da história recente da humanidade. Às cinco horas da manhã
daquela segunda-feira, o marechal soviético Georgy Jukov, comandante-em-chefe do
Exército Vermelho, deu a ordem para que a artilharia começasse o bombardeio da
cidade de Berlim, então capital do Terceiro Reich, o império nazista baseado na
violência, no racismo, no assassinato e na insanidade que Adolf Hitler instalou
na Alemanha e quase conseguiu impor ao mundo.
A data marca o início da Batalha
de Berlim, aquele que seria o ato final da Segunda Guerra Mundial no palco
europeu, culminando com o suicídio de Hitler em seu bunker em 30 de abril e com
a rendição da Alemanha em 8 de maio, sete décadas atrás. A Segunda Guerra ainda
se arrastaria por mais três meses devido à continuação do conflito entre os
Estados Unidos e o Japão, até a rendição nipônica após as bombas atômicas
norte-americanas que dizimaram Hiroxima e Nagasaki, em agosto.
A Batalha de Berlim foi um
episódio cruento, em que a capital alemã foi arrasada pela ação das tropas
soviéticas, deixando dezenas de milhares de mortos em ambos os lados. No lado
alemão, a população civil que ainda residia na cidade sofreu tanto quanto os
militares, até porque, àquela altura, Hitler havia transformado praticamente
toda a população em combatentes, não poupando mais nem velhos nem crianças da
obrigação de empunharem armas para defender o indefensável. A batalha durou
três semanas, nas quais a guerra chegou a cada rua, a cada esquina e a cada
prédio de Berlim, fazendo literalmente vir abaixo e enterrar-se em ruínas o
projeto nazista de controlar o mundo à base do ódio e da discriminação.
O preço pago pelas nações
aliadas para combater, enfrentar e derrotar o nazismo foi um dos mais altos já assumidos
pela humanidade, em um esforço conjunto para manter vivos os valores éticos e
morais que precisam reger as sociedades que se pretendem civilizadas. O mundo
que temos hoje, apesar de todas as suas inúmeras imperfeições, é
inimaginavelmente melhor do que o doentio pesadelo sonhado e quase concretizado
por Hitler. Devemos isso a cada cidadão, anônimo ou não, que deu seu sangue,
seu suor e suas lágrimas para enfrentar o mal, 70 anos atrás. E isso não pode
ser esquecido.
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 16 de abril de 2015)
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