Ah, o prazer das pequenas
coisas. O grande prazer das coisas pequenas. Pequenas coisas que propiciam
grandes prazeres e, por isso mesmo, não são pequenas, mas, sim, grandes
pequenas coisas. Pequenas grandes coisas. Como quiserem. O fato é que são
coisas fáceis de você proporcionar a si mesmo, plenificá-las de significados e guardá-las
consigo como lembranças boas para o resto de sua vida. Basta querer.
Ontem, por exemplo, domingo. Dia
bonito, com nuvens esparsas, sem chuva, o sol tranquilo de outono, nem muito
quente, nem muito frio, o paradismo das coisas inerente ao epicentro de um
feriado prolongado. Aquele despertar sem horário, mas que se dá no horário de
sempre devido ao condicionamento do relógio biológico e que acaba sendo uma
bênção porque você se vê em pé no meio da sala ainda cedo e com todo aquele
domingão lindo à sua mercê, disponível para tudo aquilo que você decide não
fazer e locupletar-se de uma rara inércia merecida e benfazeja, como nem sempre
é possível. Ah, que bom!
Aí você decide sair para almoçar
com a esposa, deixar que cozinhem para você, que sirvam-lhe à mesa, na
churrascaria de sua preferência (porque domingo é dia de costela bem passada e
de picanha mal passada e granito não, obrigado, um salsichão, sim, baixa esse
ali mais torradinho, e abacaxi para ela, eu passo, essas coisas), e vai de
tênis e camiseta, aquele ar casual domingueiro que só aos domingos somos
capazes de portar, e como o fazemos bem. Daí, costela vai, costela vem, você
lambuza os bigodes (tenha-os ou não, trata-se de metáfora válida para qualquer
biotipo) e decide dar-se por satisfeito e ir para casa, porque a tevê passa
jogo de tarde e você tem de torcer ou secar, dependendo das cores que defende.
E no caminho, decide passear
pelas ruas do bairro, entrar nas quebradas, retardar ao máximo a chegada em
casa enquanto rola no som do carro o CD contendo músicas geniais arranjadas
pelo amigo artista de Nova Petrópolis (grande Selestino Oliveira!) que há anos
resolveu musicar letras de poetas caxienses e produzir disco bonito com o qual
nos presenteou e que nos faz cantar junto e decorar as letras, felizes,
satisfeitos e empanturrados de vida. De vida dominical. Sabendo que qualquer dia
de nossas vidas pode se revestir de domingo de outono, como esse de ontem.
Basta querermos.
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