Tudo bem, tudo bem, errar é
romano, já diziam a meia boca os povos subjugados pelo poder do conquistador
Júlio César. Ou ainda, “herrar é umano”, na brincadeirinha gráfica que se
tornou meme impresso antes mesmo do advento da internet. Erros são erros,
convivemos com eles e o desafio que nos cabe é sabermos aprender com os
deslizes que cometemos e, especialmente, exercitarmos a tolerância com os equívocos
praticados pelos nossos semelhantes.
Só que existem algumas mancadas que
conseguem nos tirar do sério ou, no mínimo, nos deixar boquiabertos durante
alguns segundos de pasmo. Assim se sucedeu noite dessas, por exemplo, quando
telefonei a um restaurante a fim de fazer a reserva de uma mesa para o jantar,
dali a alguns dias. “Alô, por favor, eu gostaria de fazer a reserva de uma mesa
para sábado à noite”, disse eu, do lado de cá do aparelho. “O que foi que o
senhor disse?”, perguntou a moça, do lado de lá da linha, já de cara entendendo
lhufas do que eu tentava comunicar.
Repeti a frase, com as mesmas
palavras e, dessa vez, fui rapidamente compreendido. “Sim, pois não, certamente
que podemos lhe reservar uma mesa para o sábado à noite. Como é o seu nome?”,
prosseguiu ela, com gentileza. “Marcos”, respondi eu, com firmeza e certeza.
“Rosemar??”, tascou ela, para minha grande surpresa. “Rosemar??”, pensei eu, na
exata fração de segundo em que ela pronunciou aquele nome que não era, nem de
longe, nem de rima, o meu. “Mas como pode alguém confundir Marcos com
Rosemar?”, fiquei a refletir, na fração seguinte ainda do mesmo interminável
segundo de perplexidade.
Sim, porque seria perfeitamente
compreensível que a dita moça confundisse, por exemplo, “Juliana” com
“Sebastiana”, ou “Adriano” com “Fabiano”, ou “Rosemar” com “Valdemar”, ou até
“Saionara” com “Sinara”, ou ainda “Rosana” com “Silvana”, ou quem sabe até
“Milton” com “Nilton”. Mas tomar meu “Marcos” por “Rosemar” foi mar, quer
dizer, foi mal. Resultado? Cancelei a reserva. Vai que eu chegasse lá com meus
convidados e não houvesse mesa alguma reservada em meu nome. E não conheço
nenhum Rosemar para levar comigo, por via das dúvidas...
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 13 de outubro de 2014)
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