Um dos piores defeitos de
fabricação do ser humano é a sua tendência à passividade. Gostamos que façam as
coisas pela gente; preferimos delegar compromissos e atribuições a fazermos por
conta própria o mundo andar como de fato desejaríamos. É por isso que precisamos
tanto de líderes, sejam eles quem forem, desde que demonstrem possuir disposição
para administrar os poderes, as tarefas e as atribuições que entregamos a eles.
Liderar um grupo, uma comunidade, um povo, uma
nação, requer, além das características acima expostas, também certa dose de
abnegação, que se traduz pela disposição em ceder seu próprio tempo, seu
próprio suor, seu próprio ser, em favor do fardo de assumir a frente de
demandas comuns outorgadas por aqueles que depositam sua fé na atuação desse
líder para a resolução de seus problemas. É assim que vemos surgirem e se
perpetuarem as lideranças e não me parece que somos muito exigentes quanto à
necessidade de detectarmos nos perfis de nossos líderes a manifestação de
atributos como honestidade, moral, ética, confiabilidade, coerência, abnegação,
disponibilidade, senso de justiça. Desde que liderem, desde que assumam a
frente, enfrentem os compromissos e tomem as decisões, para nós, está bom,
porque assim podemos seguir vivendo nossas vidinhas sem nos incomodarmos com
nada.
Gostamos de nos fazer de
indignados com a corrupção que corre solta pelo país; gostamos de latir e
esbravejar, mas jamais ousamos morder de verdade. Odiamos os maus políticos,
mas continuamos elegendo-os, afinal, nós, que somos honestos, é que não temos
disposição para irmos lá tentar mudar as coisas. Perceber que as coisas não
estão indo bem é um passo importante para que se possa ter esperança de que a
situação venha a mudar para melhor. Saber que as coisas vão mal, resmungar
pelos cantos e não tomar atitudes, porém, é uma postura que belisca
perigosamente a fronteira da conivência. Saber e nada fazer pode ser uma decisão
que garanta tranquilidade e conforto momentâneos, mas o preço que essa postura
cobrará no futuro pode ser alto demais para a sua consciência. Está na hora de
pensarmos seriamente sobre qual é o tipo de líderes que de fato queremos e
arregaçarmos as mangas em favor deles desde já.
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