Últimos dias do ano, espumante
gelando para a virada do Réveillon, presentes de Natal aquietados embaixo do
pinheirinho de plástico na sala, guarda-sol novinho em folha esperando a hora
de ser enfiado dentro do porta-malas e ir ao encontro de seu natural destino, movimento
na vizinhança desacelerado, aquele clima de recolhimento e expectativa pairando
no ar, como sempre acontece nessa época. Na televisão e nos jornais, somos
inundados com as retrospectivas, na tentativa de fornecer um balanço coerente
dos fatos que marcaram o período dos últimos 12 meses. Altamente influenciável
como sou, logo cedo à tentação de elaborar uma retrospectiva pessoal e aí é que
a vaca torce o rabo. Não. A porca. A porca torce. A vaca vai para o brejo.
Isso.
Deixo vaca e porca para lá e,
dessa vez, consigo vencer a tentação e me ponho a experimentar algo novo. Ao
invés de retrospectiva pessoal e de elencar propósitos para o ano que se inicia,
decido, dessa vez, elaborar uma lista do que eu gostaria de ver concretizado ao
meu redor em 2016. Vamos a ela.
Na política, espero mais
maturidade de nossos representantes e o estabelecimento de um verdadeiro
espírito de compromisso com os destinos da nação, ao invés do arrivismo pessoal
e da queda de braço inconsequente. Na economia, espero mais proatividade e
atitude de cada um (empresário, trabalhador, pessoas físicas e jurídicas), ao
invés da choramingas de braços cruzados que coloca a culpa de tudo em todos e
em tudo, menos em si mesmo. Enquanto a turba faz panelaço, o empreendedor
produz e/ou vende panelas. No futebol, espero reencontrar o surgimento, em
campo, de profissionais que amem de verdade a profissão que escolheram e
ofereçam ao público o espetáculo que deriva da essência da arte esportiva. Que
o mercenarismo desapareça e as camisetas voltem a encantar quem as veste da
mesma forma como entusiasma os que torcem por elas.
Na astronomia, que seja
descoberto um planeta habitado por seres verdadeiramente cidadãos, no infinito
significado que esse termo é capaz de abarcar, e que nos sirvam de exemplo. Na
ciência, que descubram a cura para a inveja, a intolerância, a raiva, a
violência, o egocentrismo, a ganância, a má-fé. Na ficção, que essa minha
viagem maluca possa ter ao menos um cantinho de possibilidade de concretização.
Boas festas, bons propósitos, bons sonhos!
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 24 de dezembro de 2015)
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