O dia 6 de dezembro, que cai
neste domingo, é data importante para a cristandade dos países orientais,
especialmente Rússia, Turquia e vizinhanças. Isso porque é nessa ocasião que se
celebra São Nicolau, um santo importantíssimo por aquelas plagas, sendo o
padroeiro oficial de países como Rússia, Grécia e Noruega. Já viveu dias de
maior apreço nos países cristãos ocidentais da Europa e das Américas, porém,
foi desbancado no início do século passado pela popularidade forjada de um
ícone nada santo e totalmente mercadológico, conforme veremos daqui a pouco,
basta seguir lendo.
Não se sabe exatamente sua data
de nascimento, porém, morreu em 6 de dezembro (daí a efeméride) de 350 d.C. em
Patara, antiga região grega que hoje pertence à Turquia. Nicolau foi um proeminente
bispo da Igreja Católica turca em Mira, tendo se destacado por sua defesa ferrenha da
fé cristã e pela contundência com que defendia suas posições, mesmo entre seus
pares. Paralelamente a isso, possuía uma alma caridosa, preocupado com os
desvalidos e sem posses e, em especial com as crianças. São Nicolau gostava
muito das crianças, de forma santa, pura e genuína. Tanto isso era verdade que
ficou conhecido por andar pela região com um enorme saco às costas,
distribuindo presentes para as criancinhas na época do Natal e deixando moedas
de ouro nas chaminés das casas das famílias mais pobres.
Interessante, não? Isso lembrou
alguma coisa ou alguém? Pois é, isso mesmo. É em São Nicolau que nasceu a
inspiração para a figura do Papai Noel, a distribuir brinquedos para as
crianças e a descer pelas chaminés das casas na noite de Natal. Até o final do
século 19, Papai Noel era representado vestido com as roupas de bispo da Igreja
Católica, em clara alusão ao santo inspirador de sua figura: São Nicolau. Mas aí
entraram em cena os marqueteiros de várias empresas vendedoras de bebidas como
água mineral (em 1915) e refrigerante famoso (1931), que utilizaram o visual de
Papai Noel criado em 1886 por um cartunista alemão (Thomas Nast), com barba
branca, roupa vermelha e cinturão e botas, como garoto-propaganda de seus
lançamentos de Natal.
Foi o que bastou para São
Nicolau, o verdadeiro detentor do espírito natalino e amigo das crianças e dos
desvalidos, ser varrido para o esquecimento no mundo ocidental bebedor de
refrigerante e cultuador de personagens marqueteiros criados em pranchetas. Que
saudades de São Nicolau...
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 5 de dezembro de 2015)
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