Algumas pessoas acusam minhas
crônicas de serem divertidas. Desconfiado por natureza canceriana que sou, nem
sempre encaro isso como um elogio, afinal, levo muito a sério o ofício de
cronicar neste espaço que ora ocupo na condição de interino de Ciro Fabres
Neto. E não é por nada que fico com todos os meus pés atrás quando me falam ou
me escrevem isso, haja vista aquela antiga questão do grupo de senhorinhas dos
chás das sextas-feiras à tarde, que me enviam cartas raivosas após a leitura de
meus textos, embriagadas de fel devido aos períodos que elas consideram longos
demais antes da benfazeja pausa do ponto, repletos de vírgulas e intercalações,
exaurindo-lhes o fôlego e convencendo-as de que eu escrevo dessa maneira com a
intenção deliberada de massacrá-las, o que não é verdade, basta ver a curteza
exemplar de minha próxima frase. Tenho dito.
Porém, para minha alegria,
chega-me agora ao conhecimento o até então inimaginado poder curativo que parecem
ter essas minhas tais crônicas divertidas, ao receber correspondência
abaixo-assinada por um grupo de moças que me revelam um fenômeno
impressionante. Conforme experiências que elas mesmas vêm desenvolvendo entre si,
andaram detectando que, ao lerem essas minhas crônicas ditas divertidas e se
torcerem de rir, sem economizar na altura e na extensão das gargalhadas, acabam
queimando muitas calorias, o que tem colaborado de maneira decisiva para a perda
daqueles centímetros a mais nas barriguinhas e nas perninhas que,
definitivamente, não lhes pertencem. Elas leem e releem, e riem e riem e riem,
e vão assim se desfazendo daqueles quilinhos indesejáveis obtidos por meio de
suas relações passionais com sonhos deliciosos, croissants saborosos, sorvetes
geladinhos e charmosas tacinhas de espumante com cereja no final da tarde.
Dizem-me na tal cartinha que
chegaram até a criar entre elas o termo “A Dieta do Marcos Kirst”, que consiste
em guardar minhas crônicas para serem lidas de supetão, uma atrás da outra, nos
dias subsequentes a eventuais exageros gastronômicos, a fim de desintoxicar
seus delicados organismos. Corro o risco de passar a ter meus textos receitados
como dieta de apoio em consultórios médicos, em a coisa seguindo desse jeito.
Eu que me cuide com o Conselho Regional de Medicina!
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 7 de fevereiro de 2014)
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