Quem faz aniversário hoje, neste
26 de setembro, é o cinema mais antigo do mundo em funcionamento, o polonês
Kino Pionier, o “Cinema Pioneiro”. O local abriu as portas em 1909, 105 anos
atrás, e permanece atraindo cinéfilos para dentro de suas salas ao longo de
todas essas décadas. Que magia será essa?
Localizado na cidade polonesa de
Szczecin, o cinema sobreviveu à passagem de duas guerras mundiais cujos
epicentros sempre tiveram aquela região como foco (quando de sua criação, em
1909, a região pertencia à Alemanha). Isso pode ser impressionante, mas o que
realmente chama a atenção é o estabelecimento permanecer firme e atuante na
condição de cinema de calçada, que é como se denomina hoje em dia os locais de
exibição de filmes construídos especificamente para esse fim, e que não se
encontram enfurnados dentro de shopping centers.
No Brasil, os cinemas de calçada
entraram em rápido declínio a partir da década de 1990, devido à proliferação
de shopping centers, e seu fim alternou-se entre duas mortes preferenciais:
demolição para dar lugar a prédios ou a estacionamentos rotativos ou
transformação do espaço em templo para igrejas. Mas o fenômeno da extinção dos
cinemas de calçada não foi um processo tão rápido e definitivo assim em todas
as partes do mundo, em especial em alguns países da Europa cujas populações não
aderem tão alegremente aos ditames do estilo norte-americano de vida.
E é por aí que se deve buscar a
explicação para o fenômeno da longeva existência do Kino Pionier e seus 105
anos celebrados hoje. Os habitantes de Szczecin, pelo visto, cultivam como
traço cultural hereditário o amor não só pelos filmes, mas também pelo ritual
de se dirigir a um cinema situado fora de um shopping center, como faziam seus
ancestrais desde o início do século passado. Aliam-se a isso outros fatores,
claro, como a questão da segurança, que certamente é mais elevada em lugares
como Szczecin, bem como a mobilidade urbana e outros fatores que envolvem o
termo “qualidade de vida” em sua total abrangência.
Longa vida ao Kino Pionier, um
bastião de resistência cultural encravado no noroeste da Polônia!
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 26 de setembro de 2014)
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