Luxúria, preguiça, inveja, ira,
gula, avareza e soberba. Todos conhecem esses sete atributos, ou melhor, esses
sete defeitos da condição humana, agrupados há séculos sob o conceito de
pecados capitais, ou seja, erros difíceis de serem perdoados aos olhos da
maioria das religiões. Se são difíceis de serem perdoados, fica intrinsicamente
dado o alerta de que o melhor mesmo seria evitá-los.
Segundo o teólogo e monge grego Evágrio
Pôntico (345 a 399 d.C.), essas deturpadas paixões humanas seriam o resultado
de desequilíbrios que a ausência do divino provocaria nas pessoas. A luxúria seria
o resultado do desequilíbrio na esfera do prazer e do sexo. A gula seria um
desequilíbrio da alimentação; o orgulho, um desequilíbrio da autoestima e assim
por diante. Com o passar dos séculos, os pecados capitais perderam o peso de
condenações divinas para assumirem um papel de desvios comportamentais sociais
a serem tratados especialmente nos divãs dos psicanalistas.
Claro, seguem valendo, seguem
preocupando e suas consequências ainda podem trazer efeitos devastadores aqui
mesmo nessa vida. Excesso de ira pode levar à cadeia; preguiça em demasia pode
resultar em derrocada financeira; muita gula ameaça a saúde; luxúria demais
pode trazer doenças e complicações passionais; inveja corrói por dentro;
avareza afasta as pessoas e soberba produz antimarketing pessoal.
Mas nesses nossos tempos
modernos, as notícias vindas pela mídia e a nossa própria experiência pessoal
diária parecem apontar o surgimento de outro septeto de defeitos de caráter
humano, que poderiam ser classificados como “Os Sete Pecados Atuais”. A meu
ver, são esses: Intolerância (berço de aberrações como homofobia e racismo),
Violência; Leviandade; Individualismo; Desamor; Materialismo e Imediatismo. As
más notícias que nos chegam ao conhecimento todos os dias decorrem desses
fatores que, a julgar pelas consequências nefastas que trazem, configuram-se em
males maiores do que apenas pecados. Se o inferno religioso anda preocupando a poucos, o inferno na Terra é uma
realidade perigosa que precisa ser duramente combatida.
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 15 de setembro de 2015)
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