Foi combinado que meu afilhado
de um ano e meio passaria um dia inteiro conosco no sábado passado, enquanto
seus pais aproveitariam a “folga” para cumprir algumas demandas no centro da
cidade. Nós, por nosso lado, aproveitaríamos para nos encantarmos com as
surpresas que o seu ininterrupto processo de descobertas do mundo proporciona.
Coube a mim, na véspera,
providenciar a lista organizada por minha esposa, a título de “preparativos
para a visita do João Vitor”. No supermercado, fui à caça de caixas de suco, já
que João Vitor curte suco. Depois, fui à cata de banana, maçã e frutas em
geral, uma vez que João Vitor já come de tudo com seus quatro dentinhos
sorridentes. O iogurte veio em quantidade pensada para sobrar para os dindos,
essa dupla de gulosos. O pacotinho de balões coloridos foi encontrado, após
quilômetros de gôndolas rodados, na seção de festas, Marcos, seu asno. E uma
caixa de cerveja bock. Para mim e minha esposa, claro, celebrarmos à noite o
sucesso da empreitada.
Ao chegar em casa, mais lista de
tarefas. A principal delas: deixar engatilhado o DVD com os filminhos da
Galinha Pintadinha (aquela que usa saia e tem um monte de pintinha, sabe?),
remédio eficaz para acalmá-lo em caso de início de choro inexplicável (depois
descobrimos que a tal galinha e seu Galo Carijó andam perdendo popularidade
para desenhos do Scooby-Doo e outros em que figurem “au-aus” diversos). Os
choros não aconteceram, mas a Galinha até que ajudou na hora da naninha depois
do almoço, pois que também ninguém é de ferro, muito menos um dindo quase
cinquentão (eu, ao menos, dispensei a mamadeira).
Por fim, devia arregimentar os
brinquedos. João Vitor, quando vem nos visitar, costuma trazer junto vários deles,
e assim o fez. Mesmo assim, reuni os bichinhos de pelúcia que habitam nossa
casa e que vêm à luz nessas ocasiões. Porém, tudo se mostrou desnecessário.
João Vitor passou horas se entretendo mesmo foi com os balões e com um cestinho
de prendedores de roupas. O cestinho, emborcado, era empurrado pela casa toda à
guisa de caminhão desenfreado. Os prendedores ornamentaram, um a um, a cerca do
terraço, a título de enfeite natalino. Na sua inocência infantil, João Vitor
não depende de marcas, de moda ou de status para obter satisfação e alegria. Já
a minha cerveja noturna não podia ser outra senão aquela da marca especial que
eu mais aprecio, claro.
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 12 de dezembro de 2013)
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