Tenho convicção de que a
diversidade é o maior patrimônio da espécie humana. Não só não somos iguais uns
aos outros, como é exatamente o conjunto de nossas qualidades e defeitos
individuais que nos torna seres únicos. Aqueles que amplificam suas qualidades
positivas passam à posteridade (tanto os famosos quanto aqueles restritos a
seus círculos pessoais) como seres iluminados, que vieram para aprimorar e
transformar para melhor o ambiente em que atuam. Já os que se dedicam a
exacerbar seus defeitos e maus atributos acabam se caracterizando no campo
oposto, ocupado pelas pessoas que fazem do mundo um lugar pior para se viver.
Regras de convívio, códigos
morais e de ética, leis e convenções são criados justamente para guiar os
indivíduos no caminho visto como o “do bem”, a fim de que a convivência humana
possa ser pautada pela fraternidade. Missão inesgotável enquanto existirmos
como espécie composta por seres individualizados, cada um representando um
universo complexo a coexistir com os demais, tentando equilibrar diferenças,
vontades e necessidades.
Sorte nossa quando nos deparamos
com seres que optam por fazer a diferença pelo lado positivo de suas
personalidades. Azar o nosso quando topamos com os signatários do contrário.
Sorte maior ainda quando nós mesmos decidimos moldar nossas biografias a partir
das escolhas do primeiro grupo.
Penso nisso nesse período em que
tive de recorrer às benesses da medicina para detectar e sanar um inesperado
problema de saúde que resolveu me acometer da noite para o dia, sem aviso
prévio. Tive sorte, no meio do pesadelo, em cair nas mãos de médico competente,
disponível, humano e comprometido com as nuances de sua profissão. Tive sorte
porque poderia ter sido diferente, já que não basta um diploma para que haja
garantia de bom atendimento. Sabemos que existem médicos e médicos, assim como há
jornalistas e jornalistas, empresários e empresários, escritores e escritores,
pedreiros e pedreiros, motoristas e motoristas, cabeleireiras e cabeleireiras,
pessoas e pessoas.
O que faz a diferença não é o
diploma, nem a especialidade, nem a profissão, nem o sobrenome, nem a idade,
nem a conta bancária, nem a altura ou a cor dos olhos. O que faz a diferença é
o comprometimento de cada um em ser gente que colabora para melhorar a moral da
espécie humana. Isso se faz no dia a dia e não requer esforço sobre-humano. O
esforço requerido é apenas o humano mesmo.
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 22 de novembro de 2013)
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