Estou revoltado. E faz tempo. E
revoltado exatamente com o tempo. Não com o tempo cronológico, esse passar das
horas que vai enrugando minha pele e esbranquiçando os meus cabelos, me
deixando cada vez mais velho. Não, com isso não. Tá, um pouquinho também com
isso, admito, mas o foco da revolta hoje é outro. É com o tempo meteorológico.
Na verdade, minha revolta é contra a meteorologia. Contra a previsão do tempo.
Eu não acredito em meteorologia, e isso é o que me revolta.
Não acredito na capacidade que
os meteorologistas alegam ter de conseguirem prever com antecedência de dias o
comportamento do clima. Não me venham dizer hoje, segunda-feira, que daqui a
três dias, na quinta, vai chover. Admitam: vocês não têm capacitação para
tanto. E não é culpa ou incompetência dos meteorologistas, em cuja boa-fé e esforços
eu acredito e admiro e respeito. Trata-se apenas de admitir que nós, seres humanos,
ainda não alcançamos uma tecnologia científica capaz de oferecer o serviço a
que a meteorologia se propõe.
Em resumo: a previsão do tempo é
tão científica quanto as profecias de Nostradamus. Deveríamos, aliás, rebatizar
a coisa como profecia do tempo, e não previsão. Dia desses, dei-me ao trabalho
de acompanhar o andamento da página do tempo nos jornais. Na segunda-feira, os
meteorologistas previam não só o comportamento do clima ao longo do dia, como
também já se adiantavam em dizer o que iria acontecer no restante da semana.
Pois que, assim, na segunda, preconizavam sol para terça e chuva de quarta a
sexta. Muito bem. A terça, no entanto, amanheceu com chuva. Já a página
meteorológica do jornal na terça, afirmava que sim, choveria no dia (ontem, dizia
que faria sol) e que haveria sol de quarta a sexta, desdizendo totalmente a
previsão da semana do dia anterior. Tá, mas e aí? Qual das páginas está
valendo?
Sem falar no aplicativo de
meteorologia baixado em meu tablet. Ele faz a mesma coisa: (des)prediz o (mau)
comportamento do clima para a semana toda, e ainda ousa afirmar o estado do
tempo em tempo real. Só que dia desses, aquele solzão de fritar formiga no
paralelepípedo lá fora, o aplicativo tentava me convencer de que chovia! Foi o
cúmulos nimbus! Excluí o aplicativo e liguei para minha sogra. “Não, Marcos,
amanhã não chove”, disse ela. E não choveu. Não, ela não é meteorologista. A
ciência dela chove vida mesmo.
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 16 de dezembro de 2013)
Nenhum comentário:
Postar um comentário