A inovação, a novidade, a
mudança, o passo à frente, a superação do marasmo, a surpresa. Conceitos como
esses estão na ordem do dia do mundo moderno. E não é de hoje. Na verdade,
viemos evoluindo enquanto civilização desde os primórdios da história da
humanidade. Aliás, a história da humanidade, em essência, só existe enquanto
história justamente porque fatos acontecem, a maioria deles marcada por
movimentos que visam à inovação em alguma área.
Los Angeles, nos Estados Unidos,
sedia desde terça-feira mais uma edição da CES, uma das mais importantes feiras
internacionais voltadas a mostrar ao mundo as inovações tecnológicas que em
breve chegarão ao cotidiano das pessoas. Não fui lá, mas a tecnologia das
informações me colocou a par sobre quais as inovações que mais estão fazendo
sucesso por lá. Entre elas, uma me chamou a atenção em especial: trata-se de um
fone de ouvido sem fio, o que, por si só, já seria uma grande coisa (tem
coisinha mais irritantezinha do que ficar desembaralhando fios, hein?), mas tem
mais.
O grande diferencial desse novo
e revolucionário fone de ouvido é que ele oferece, além de sua função básica de
proporcionar música, outras utilidades agregadas como ser automaticamente à
prova d´água; mede os batimentos cardíacos; mede a performance em corridas ou
pedaladas e oferece várias informações sobre o andamento de seu corpo. Mas o
melhor vem agora: esse incrível fone de ouvido do século 21 é capaz também de
regular a altura dos sons que vêm do mundo externo. Uau!
Já pensou, que maravilha, você
poder, com os fones, isolar o barulho que vem do apartamento de cima quando a
vizinha caminha com seu salto alto às duas da madrugada e lhe tira o sono? Ou
ignorar o som horroroso que vem dos alto-falantes do carro rebaixado que passa
na rua? Poder manter um ar sereno e tranquilo, sorridente até, enquanto sua
esposa lhe descasca os tubos por você não ter feito o que deveria ter feito e
por ter feito errado o que era para ter sido feito certo, sem escutar uma só
palavra, apenas concordando com a cabeça? Que paraíso! Esse fone de ouvido é,
desde já, meu maior sonho de consumo. Que o futuro chegue logo!
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 8 de janeiro de 2015)
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