quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Nos meus ouvidos

A inovação, a novidade, a mudança, o passo à frente, a superação do marasmo, a surpresa. Conceitos como esses estão na ordem do dia do mundo moderno. E não é de hoje. Na verdade, viemos evoluindo enquanto civilização desde os primórdios da história da humanidade. Aliás, a história da humanidade, em essência, só existe enquanto história justamente porque fatos acontecem, a maioria deles marcada por movimentos que visam à inovação em alguma área.
Los Angeles, nos Estados Unidos, sedia desde terça-feira mais uma edição da CES, uma das mais importantes feiras internacionais voltadas a mostrar ao mundo as inovações tecnológicas que em breve chegarão ao cotidiano das pessoas. Não fui lá, mas a tecnologia das informações me colocou a par sobre quais as inovações que mais estão fazendo sucesso por lá. Entre elas, uma me chamou a atenção em especial: trata-se de um fone de ouvido sem fio, o que, por si só, já seria uma grande coisa (tem coisinha mais irritantezinha do que ficar desembaralhando fios, hein?), mas tem mais.
O grande diferencial desse novo e revolucionário fone de ouvido é que ele oferece, além de sua função básica de proporcionar música, outras utilidades agregadas como ser automaticamente à prova d´água; mede os batimentos cardíacos; mede a performance em corridas ou pedaladas e oferece várias informações sobre o andamento de seu corpo. Mas o melhor vem agora: esse incrível fone de ouvido do século 21 é capaz também de regular a altura dos sons que vêm do mundo externo. Uau!

Já pensou, que maravilha, você poder, com os fones, isolar o barulho que vem do apartamento de cima quando a vizinha caminha com seu salto alto às duas da madrugada e lhe tira o sono? Ou ignorar o som horroroso que vem dos alto-falantes do carro rebaixado que passa na rua? Poder manter um ar sereno e tranquilo, sorridente até, enquanto sua esposa lhe descasca os tubos por você não ter feito o que deveria ter feito e por ter feito errado o que era para ter sido feito certo, sem escutar uma só palavra, apenas concordando com a cabeça? Que paraíso! Esse fone de ouvido é, desde já, meu maior sonho de consumo. Que o futuro chegue logo!
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 8 de janeiro de 2015)

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