Coelhos, saiam das cartolas!
Pombas, escapem das mangas! Lenços coloridos, moedas e cartas de baralho,
perfilem-se! Charmosas ajudantes de palco, larguem os serrotes e sorriam! Respeitável
público, aplauda! Batamos palmas, todos, porque neste sábado, dia 31 de
janeiro, celebra-se o Dia Mundial do Mágico, e eles, os profissionais da
ilusão, merecem nossa justa homenagem.
Na minha infância, eu queria ser
mágico (isso ao mesmo tempo em que também desejava ser detetive, super-herói
e... suprema das ilusões... escritor!). Ficava fascinado com os truques – aos
olhos de hoje banais – que os mágicos apresentavam ao vivo nos picadeiros dos
circos que estacionavam na Ijuí dos anos 1970, personificando em cada um deles,
com suas cartolas, seus fraques pretos e luvas, a figura do personagem Mandrake
que eu lia nas histórias em quadrinhos. Depois, coube à televisão a incumbência
de consolidar em mim esse encantamento, tornando-me fissurado pelo Programa do
Tio Tony, um mágico porto-alegrense que apresentava seus quadros na RBS TV. Eu
não perdia um.
Na esteira vieram o mentalista
israelense Uri Geller, que entortava colheres e paralisava relógios com o poder
de sua mente, e também o ilusionista norte-americano David Copperfield, com
suas mágicas ultraimpressionantes apresentadas no “Fantástico” (nem é preciso
dizer que odiava o Mr. M, aquele mascarado desmascarador de truques, amigo do
Cid Moreira). Também é fácil adivinhar que, na infância, surripiei uma velha
toalha de mesa vermelha para transformar em capa e encomendei pelo correio via
reembolso postal uma caixa repleta de truques para aplicar entre familiares e
amigos, o que acabou rendendo alguns puxões de orelha metafóricos e dedais que
logo trataram de fazer sumir-se cartola adentro minha estranha vocação para
neo-Houdini.
Passei a me dedicar à magia das
palavras mesmo, pelo que, então, decido ser também merecedor de cumprimentos
neste Dia Mundial dos Mágicos. Eu por isso, e todos os demais milhões de
brasileiros, por exercitarmos diariamente essa magia suprema de tentar viver
com dignidade e ética em um país repleto de truques. Abracadabra!
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 31 de janeiro de 2015)
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