Hoje vou distribuir parabéns.
Parabéns a todos os desportistas, amadores e profissionais, que povoam o naco fisicamente
saudável desse nosso planeta. Parabéns aos que ganham a vida a partir do
esporte e também àqueles que praticam esportes como hobby e como estratégia
para uma vida mais saudável. Parabéns, parabéns, parabéns, porque hoje é o Dia
do Desportista.
Parabéns aos que correm, caminham
e se exercitam por recomendações médicas, povoando nossos parques e perimetrais
de gente sarada ou tentando sarar. Parabéns aos que jogam o futebolzinho
semanal com os amigos. E também para as que jogam o voleizinho semanal com as
amigas. Meus parabéns aos professores de educação física, aos treinadores de
academias de ginástica, e também aos frequentadores das academias. Parabéns aos
frequentadores das quadras de futebol, de tênis, de vôlei. Aos que treinam boxe
e outras lutas modernas (eu só saberia citar kung-fu e pagaria mico), aos que
andam de bicicleta, aos patinadores, aos skatistas, aos que saltam muros
(excluídos os que pulam cercas, integrantes de categoria bem diferente, muito
maléfica à saúde, por sinal), aos que fazem yoga. Meus parabéns, meus parabéns,
meus parabéns a todos.
Essa minha generosidade
configura-se em uma artimanha psíquica acionada com o intuito de dirimir minha
sensação de culpa consciente por me ver ainda tão sedentário, sabedor que sou
dos benefícios que obteria tirando algumas horas por semana esse meu traseiro
da cadeira e indo correr nos parques. Eu sou aquele alguém que não receberá
telefonemas e nem e-mails de felicitações pela passagem do dia de hoje (sequer
aniversário me digno a fazer no 19 de fevereiro), uma vez que não há sobre a
Terra um ser que de sã consciência vá ligar meu nome ao Dia do Desportista.
Ainda mais eu, que engolia água da piscina nas aulas de natação; errava a
raquete da bolinha nas aulas de tênis; ficava na zaga e de costas para o jogo
nos futebóis da turma do colégio; levava bolada no focinho e quebrava os óculos
nos jogos de vôlei; botava os bofes para fora nos testes de cooper.
Rendo daqui do meu escritório
minhas mais sinceras homenagens a esse louvável batalhão da saúde, ao qual, uma
vez mais, prometo um dia passar a pertencer. Até já assisto a jogos de futebol
pela tevê. Estou chegando lá...
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 19 de fevereiro de 2015)
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