No Carnaval, tudo pode
acontecer. E não é preciso ser folião de carteirinha para saber dessa lei
máxima que rege os dias de festejos comandados por Momo. Até porque, folião que
se preze não sai para a folia portando carteirinha, objeto que saltará de seu bolso
logo aos primeiros gritos de olê-olê-olê-olá, ainda mais aqui nessa nossa terra
em que os bolsos não seguram nada, desde butiás até fiorini.
Caxias está vivenciando um
período em que a união de iniciativas privadas e ações públicas vêm convergindo
no resgate da folia a céu aberto e dentro dos salões, movimentos que já foram
tradicionais na cidade em épocas passadas e que justamente deixaram saudades. Blocos
divertidos e bem organizados tomam as ruas, atraem multidões cada vez maiores e
rapidamente começam a se tornar tradições modernas, em especial o Bloco da
Velha, organizado pelo pessoal da Livraria e Café Do Arco da Velha desde 2011,
que já inspira seguidores como o novo Bloco da Ovelha, surgido este ano. Esta
terça-feira à noite presenciará a primeira edição do Carnaval Interclubes, reunindo
em um mesmo ambiente os foliões associados de três das mais tradicionais agremiações
sociais da cidade: Recreio da Juventude, Clube Juvenil e Recreio Cruzeiro,
resgatando das cinzas o antigo glamour da folia clubística. As escolas de samba
caxienses levaram sua emoção e seu brilho este ano ao novo palco ao ar livre na
Rua Plácido de Castro, preparada pela Prefeitura para o evento, e deram show.
Já eu assisto a tudo isso do
camarote do sofá da minha sala e aplaudo as iniciativas. Porém, não arredo o
samba do meu pé de cima do tapete, por uma pura questão de inércia carnavalesca
pessoal. Mas isso não impediu várias pessoas de jurarem terem me visto domingo
à tarde esbanjando rebolado em frente ao trio elétrico que animou a festa do
Bloco da Velha, onde eu juro que não estava. Quer dizer... Quem sou eu para
afirmar alguma coisa nesses dias de folia momesca... Quero crer que eu não
estava, mas também não boto minha mão no fogo. Podem é ter visto alguém
fantasiado de mim, de bermuda e abadá, sambando alegremente. Mas eu mesmo não
estava. Se estava, fui fantasiado de outra pessoa e não contei a ninguém, nem a
mim mesmo. Vai saber... No Carnaval, tudo pode acontecer...
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 17 de fevereiro de 2015)
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