Eram quase onze horas da noite
na terça-feira quando desliguei a televisão em casa, terminada a partida entre
Argentina e Paraguai pelas semifinais da Copa América. O placar de 6 a 1 a
favor da Argentina me fez lembrar do vexame sofrido (ou protagonizado?) pela
Seleção Brasileira frente à Alemanha na Copa do Mundo do ano passado, quando a
bola balançou nossas redes uma vez a mais do que a dos paraguaios. Ai que dor.
E foi aí que me lembrei do jogador Argemiro.
Você aí, leitor, certamente não se lembra de Argemiro.
Aliás, certamente nunca ouviu sequer falar de Argemiro. Pudera: Argemiro não
fez fama em nenhum clube, apesar de ter jogado na Portuguesa e no Vasco da
Gama. Argemiro não foi jogar em time estrangeiro em negociações milionárias que
ganharam a mídia internacional. Argemiro não desfilava pelas baladas noturnas e
nem de carrão pelas avenidas das principais cidades brasileiras. Argemiro não
aparecia nas revistas de fofocas e nem dava entrevistas na televisão, até
porque não existia televisão no Brasil na época em que Argemiro entrava em
campo. Como, então, recordar de Argemiro?
Pois Argemiro, apesar da
modéstia da biografia futebolística, tem lá seu lugar na história da Seleção
Brasileira, já que integrou o time que disputou a Copa do Mundo de 1938, realizada
na França e vencida pela Itália. Argentino atuava como meia, e ajudou o Brasil
a conquistar o terceiro lugar na competição, ao lado de jogadores como Leônidas
e Domingos da Guia. Foi a única participação de Argemiro na Seleção. Como não
trouxe o caneco e não foi mais convocado, acabou esquecido.
Mas Argemiro existiu. Chamava-se
Argemiro Pinheiro da Silva, nascido em Ribeirão Preto (SP) em 2 de junho de
1915 (teria feito 100 anos no mês passado, caso não tivesse morrido em 1975). Atuou
no Esporte Clube Rio Preto entre 1931 e 1935, na Portuguesa Santista de 1935 a
1938 e no Vasco da Gama de 1938 a 1946, quando pendurou as chuteiras. Em nenhum
desses clubes há estátuas erguidas a Argemiro.
Por que então essa súbita
saudade de Argemiro, a quem nunca vi jogar e de quem nunca ouvi falar? Ah, sei
lá... Talvez porque, no fundo, esteja mesmo é com saudades de verdadeiros
jogadores brasileiros de futebol...
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 2 de julho de 2015)
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