O ataque de que fui vítima
deu-se no final da manhã do último domingo, ali em casa, mesmo. Eu estava
sentado na minha poltrona preferida na sala, conversando distraído com as
visitas que recebia para o almoço dominical em família, quando fui
inesperadamente atingido no peito pelo atacante. Não houve violência, era uma
brincadeira protagonizada pelo meu afilhado/sobrinho de pouco mais de três anos
de idade, que conduzia pela mãozinha o voo do minion que mirava justamente o
meu peito. Plaf! Que susto!
O objetivo do ataque, logo
percebi, fora atingido: pregar um susto no dindo, o que se confirmou por meio
das gargalhadas do afilhado e do minion, que alegremente invadiram a sala e
paralisaram as conversas e os preparos da mesa. Só que nem tudo fora planejado
com perfeição pela dupla, e partes do minion se soltaram após o choque contra a
fortaleza que revelou ser meu peito, fazendo desaparecerem momentaneamente os
óculos e os pés do boneco amarelo. Tive de me levantar da poltrona e ajudar o
afilhado, que dava sinais de que em breve entraria em um leve desespero, a
procurar as partes destroçadas de meu algoz, dando assim, eu, uma clara prova
de magnanimidade e de postura ética em combate capaz de render medalha de honra
junto à Cruz Vermelha.
Encontradas as peças e
devidamente restabelecida a integridade física do minion, fomos almoçar. De
sobremesa, minha esposa havia comprado, para o afilhado, um desses ovinhos de
chocolate com surpresa dentro. Na verdade, dois ovinhos. E adivinhem o que
havia dentro deles, para a surpresa minha: mais dois minions, fazendo assim
crescer a gangue dentro de minha própria casa! À noite, na sala remergulhada em
seu silêncio típico, fui investigar na internet sobre a essência desses tais
minions, seres amarelados em formato de dedo, que fazem sucesso nos cinemas com
a criançada. E descobri muitas coisas, que compartilho a seguir.
Os minions, se você ainda não
sabe, leitor, são criaturas unicelulares milenares, cuja vocação é agirem como
capangas de vilões famosos. Atrapalhados e engraçados, são bastante estúpidos e
fofos, daí o sucesso dos bichinhos junto às famílias. E eu achando que eles não
passavam de fandangos fugidos do saco de salgadinhos. Mas ok, agora posso
dormir tranquilo e informado. Nada como um afilhado para me manter atualizado
com o mundo.
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 17 de julho de 2015)
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