Daí a gente fica sabendo que um
sujeito em São Paulo, com muita vontade de ficar rico, desembolsou 95 mil reais
(isso mesmo, a senhora não leu errado: foram quase 100 mil) em apostas na
Mega-Sena, essa que ficou acumulada ao longo de um mês inteirinho (essas coisas
estranhinhas da sorte) até chegar aos R$ 205 milhões. Confrontando as leis das
probabilidades (sim, porque, no Brasil, quanto mais acumula a Mega-Sena, mais
apostas são feitas e, quanto mais apostas são feitas – sempre no final do ano,
por sinal –, mais difícil é alguém acertar, subvertendo a lógica), nem o
paulista afoito (e rico, pelo visto, já que tinha uma fortuninha para apostar
na fortunona) e nem ninguém levou o tentador prêmio, exceto um apostador (um
único, umzinho só) de onde? Ora, do Distrito Federal!!!! Ah, essas coisas da
sorte... A sorte, no Brasil, realmente é uma coisa que dá pano prá manga... Mas
não vamos falar sobre isso.
Não vamos falar sobre isso
porque fica parecendo papo de perdedor. Aquela coisa: “O Marcos Kirst não jogou
na Mega-Sena, nunca joga na Mega-Sena nem em nenhuma outra loteria e, por isso,
fica aí com dor-de-cotovelo, escrevendo essas coisas”. Para que não digam isso
de mim, vou ficando por aqui mesmo. Mas é verdade, não jogo mesmo. Motivo? Não
vou dizer. Mas dou uma pista. O motivo segue a mesma linha das decepções que
fui tendo ao longo da vida, primeiro, em relação ao Coelhinho da Páscoa, quando
descobri que quem escondia os ninhos eram meus pais. Depois (mais traumática
ainda) veio a decepção em relação ao Papai Noel, um sujeito escondido sob uma
máscara de plástico cujas orelhas pareciam demais com as de um tio que,
estranhamente, naquele momento se ausentava da celebração.
Daí veio a questão do
Bicho-Papão. Ok, nesse caso, foi mais um alívio do que uma decepção, mas a
partir daquilo tive de redirecionar para outras fontes a origem de meus
temores. Bem mais reais. Daí a decepção com os pilotos brasileiros de Fórmula-1
pós-Ayrton Senna e com os jogadores (???) de futebol convocados para a Seleção
Brasileira. E com os partidos políticos. E com a Hello Kitty, que negou ser uma
gatinha. Pois é, minha relação com as loterias caminha nessa trilha,
especialmente depois que aposentaram a zebrinha do Fantástico. “Iiii, olha eu
aí: deu zebra”!
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 27 de novembro de 2015)
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