Ela sofre preconceito
praticamente desde o momento em que veio ao mundo. Sempre que alguém pretende
passar recibo de inteligente, põe-se a falar mal dela. Sob esse viés,
apreciá-la parece significar que a pessoa opta deliberadamente por andar mal
acompanhada, não lhe sendo passível atribuir a desculpa da inocência. Mesmo
assim, ela é praticamente ubíqua e sua presença quase unânime na maioria dos
lares do planeta. Por isso mesmo, exerce forte influência sobre a cultura e o
comportamento de todos, quer a amemos, quer a execremos, quer pretensamente a
ignoremos. Tão significativa ela é que ganhou até um dia mundial específico em
sua homenagem. Este 21 de novembro é o dia dela. O Dia Mundial da Televisão.
Falar mal da televisão é o mesmo
que falar mal da internet, falar mal das redes sociais, falar mal do sal, do
açúcar, da imprensa, dos políticos, do Silvio Santos. Falar mal da televisão é
reduzir o aparelho e a grade de programação das emissoras ao conceito
pré-estabelecido de que nada relativo a isso presta ou possui algum valor.
Reducionismo e preconceito, por si só, são as sementes a partir das quais
brotam frutos mais perigosos como a intolerância, a política do ódio e do
ataque gratuito. Cuidado, portanto. Eu gosto de televisão. Não tenho nada
contra. Como sou grandinho, sei selecionar os programas que me interessam e
assisto a eles, naqueles momentos em que me disponho ao relax ou à absorção de
algum conteúdo que me seja culturalmente produtivo. Mas essas são as minhas
escolhas pessoais, elas dizem respeito a mim mesmo e não posso medir o restante
da humanidade a partir do tamanho da minha régua.
O que me causa mal estar ao
assistir é o crescimento do preconceito, da intolerância, da política do ódio e
da agressividade giratória gratuita camuflada sob a equivocada bandeira da (discutível)
inteligência. Isso, sim, me faz preferir estar fora do ar.
***
Neste sábado, das 13h às 16h,
estarei ali na Galeria Municipal de Arte Gerd Bornheim (junto à Casa da
Cultura, na Rua Dr. Montaury, 1.333), autografando meu mais novo romance,
intitulado “A Sombra de Clara”, obra vencedora do Prêmio Açorianos de Criação
Literária. Na data, o livro será vendido ao preço promocional de R$ 20,00
(depois, custará R$ 25,00). Espero a amiga leitora e o prezado leitor lá.
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 21 de novembro de 2015)
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