Diga lá: quem nunca construiu
dois edifícios no Leblon ou adquiriu uma casa em Copacabana? Ora, basta ter
mais de 30 anos de idade para já tê-lo feito, pelo menos, na infância e
adolescência, durante alguma rodada de Banco Imobiliário, uma das maiores vedetes
de todos os tempos entre os jogos de tabuleiro, em boa parte do mundo. Eu, que
tenho bem mais do que 30 anos, acumulo várias horas jogando dados e manipulando
cartas de vários tipos de jogos, entre eles, o famoso Banco Imobiliário,
aniversariante desta quinta-feira, 5 de novembro.
Pois é, também os jogos de
tabuleiro fazem aniversário, veja só a senhora, tão acostumada a jogar
canastra, pife e paciência com baralho de cartas ao invés dos simulacros de
computador, não é mesmo, madame? Não sabia? Nem sabia eu, mas fiquei sabendo ao
fuçar aqui e acolá nos meus alfarrábios, nos impressos e também nos virtuais,
pois que também sou um ser que evolui, a exemplo das ostras e dos platelmintos.
E fiquei sabendo disto: que hoje comemora-se os 80 anos da criação do Banco
Imobiliário, também conhecido como Monopólio (ou Monopoly, no original em
inglês). Oito décadas de existência do joguinho e ainda não consegui comprar nem
um quarto-e-sala no Leblon, exceto de brincadeira, mas deixa isso pra lá, não
vem ao caso.
Pois a senhora fique sabendo que
o jogo foi criado em 1935 por um norte-americano (sempre eles) chamado Charles
Darrow (1889-1967). Ele era vendedor de sistemas de aquecimento na Pensilvânia,
mas estava desempregado e deu na telha de criar o joguinho e publicá-lo. Aí
aconteceu com ele aquilo que volta e meia acontece com os norte-americanos que
andam desempregados e colocam uma ideia maluca em prática: a coisa deu certo e
ele, no final da história, ficou riquíssimo, sem nunca ter vendido nem comprado
nada no Leblon ou em Copacabana.
E o que é que a senhora tem a
ver com tudo isso? Bom, pra falar a verdade, nem eu sei, afinal, não é verdade
que todo mundo já jogou Banco Imobiliário alguma vez na vida. Menos ainda são
os que compraram e venderam imóveis no Leblon e em Copacabana. Já os que, como
Charles Darrow, ficaram ricos criando jogos de tabuleiro, são exceções maiores
ainda. E os que se preocupam com essas coisas e procuram dar sentido a elas,
são em número ainda menor, incluindo a senhora e eu. Pensemos, então, em outra
coisa, e passe a vez de jogar.
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 5 de novembro de 2015)
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