Até que ponto os seus valores
éticos pessoais são inegociáveis? Você possui princípios inabaláveis, imunes a
qualquer oferta? Outra maneira de formular a questão seria perguntando: você
topa tudo por dinheiro? Ou: o dinheiro pode comprá-lo? Ou ainda: o dinheiro
pode realmente tudo?
Por exemplo, você, mulher,
leitora: posaria nua para uma revista masculina por dinheiro? Sim? Não?
Dependeria do valor ou quantia nenhuma pagaria pela sua nudez? Não precisa
responder, as reflexões são suas, são íntimas, decorrem da firmeza ou não de
seus princípios e necessidades. E você, amigo leitor, desistiria de todos os
seus projetos de vida (familiares, pessoais, profissionais) por alguma oferta
nababesca em dinheiro para sumir do mapa por algum motivo? Sim? Não? Demi Moore
protagonizou, em 1993, um filme (“Proposta Indecente”) no qual, por uma oferta
de um milhão de dólares, a personagem dela, casada, enfrenta o dilema de
aceitar ou não fazer uma noite de amor com um milionário (Robert Redford), a
fim de satisfazer o desejo dele por ela e ela solucionar a crise financeira que
vive com seu marido. Sintomática a obra.
Pois é, fico pensando nessas
coisas quando leio notícias de que artistas famosos como Roberto Carlos e agora
a Angélica, que há anos são vegetarianos, se submetem a fazer propaganda de
produtos à base de carne vermelha devido a milionários contratos publicitários.
Estão lá as fotos do Rei sorrindo defronte a um prato com um enorme hambúrguer,
e a Angélica dando-lhe um mordidaço em um cachorro-quente com salsicha e
mostarda. Mas ambos são vegetarianos há anos. Se comeram mesmo os produtos
carnívoros que são pagos para anunciar não interessa.
A questão é se não estão sendo incoerentes
com eles mesmos. Só isso. E se estão, o estão sendo por dinheiro. Problema
deles, claro. Problema ou solução, sei lá, a vida é deles, não tenho nada a ver
com isso. Apenas esses ídolos não representam minha visão pessoal de coerência.
Só isso. Eu ainda acho que eu não faria tudo por dinheiro. Ao menos, quero crer
nisso. Mas também, sei lá... Carnívoro como sou, não se espantem se, amanhã ou
depois, me virem protagonizando algum comercial de rede de fast-food, devorando
um suculento xis-salada... Seria um escândalo.
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 21 de janeiro de 2015)
2 comentários:
Parabéns pelo prêmio!! Já fico ansiosa para ler o livro!
Obrigado, Angela! A esper ainda terá de ser de dez meses, mas valerá a pena! Absss
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