E lá vamos nós de novo, voltar
nossos olhos para o alto, rumo ao céu infinito, porque, do jeito como andam as
coisas, é só de cima mesmo que se pode esperar a vinda de alguma notícia boa,
isso quando o que não cai de lá é granizo ou chuva forte. Os antigos gauleses
temiam que o céu lhes caísse sobre a cabeça, por desconfiarem de que o dito
“firmamento” não fosse lá tão firme assim. Mantinham os olhos abertos para os
perigos do céu e descuidaram dos perigos terrestres vindos de ultramar, sendo
conquistados pelas legiões romanas comandadas por Júlio César, mas isso é
História e outra história, deixemos prá lá e voltemos cá.
As boas novas, boas e históricas
novas, vieram ontem, segunda-feira, dia 28 de setembro de 2015, da Nasa, a
agência espacial norte-americana, que enfim sentiu-se apta a vir a afirmar que,
sim, minha gente, existe água líquida no planeta Marte. Durante muito tempo
julgou-se que Marte fosse um planeta seco, desidratado, um desertão redondo e
rodopiante ao redor do Sol, mas não, nada disso. Marte tem água, e água fluida,
água corrente, como se fossem córregos cortando certas regiões do vizinho corpo
celeste. Que coisa, hein?
O que se dá é o seguinte,
explico para que depois a madame não venha a passar vergonha por falta de
informação ao comentar com as amigas as coisas que lê insistentemente aqui
nessas esforçadas linhas do terráqueo cronista. Pois o que se dá é que já se
sabia que Marte possuía água em formato de gelo, ou seja, os futuros
astronautas que desembarcarem lá já estavam faceiros que poderiam comemorar a
façanha metendo algumas pedrinhas de gelo nos copos de uísque para o brinde.
Mas quando chega a época do verão marciano, quando os homenzinhos verdes e as
mulheres de antenas colocam as sungas e os maiôs sintéticos para se reunirem em
torno das crateras, daí esse gelo derrete e surgem córregos e quiçá rios
caudalosos, com água e água corrente.
Sim, é um prelúdio para que, em
breve, venha a Nasa anunciar que existe alguma forma de vida nessas águas
marcianas. Será algo realmente fantástico! Enquanto isso, unimo-nos à faceirice
dos astronautas que, depois de brindarem seus uísques com gelo marciano, terão
até mesmo condições de lavar e enxaguar os copos. Que tempos que estamos
vivendo!
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 29 de setembro de 2015)
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