Sabemos que tudo aquilo que é
dito corre o risco de ser desdito e que toda a regra tem uma exceção (inclusive
esta). Contradizer-se ou ver-se obrigado a rever um conceito são fenômenos
usuais a quem tem por hábito (ou por ofício, como no caso deste mundano
escriba) dar pitaco sobre tudo, ainda mais por escrito, pois que o escrito e
publicado fica impresso e, por isso mesmo, causa fortes impressões.
Impressiona, digamos assim, para não deixar passar batida a chance de um
trocadilhozinho, e eis que cedo fácil outra vez às tentações da escrita, não me
corrijo, sou o que sou. Perdão.
O fato é que esbaldei-me em
transcorrer ontem aqui, neste espaço destinado às minhas crônicas de mundanismo
militante, a respeito da suposta falácia contida na expressão “futebolzinho de
brincadeira”, defendendo a tese de que, no universo das gentes, especialmente
no das gentes masculinas, simplesmente não existe na prática esse conceito de
realizar uma partida de futebol que se configure como sendo “de brincadeira”,
em que não entre em campo, em meio à bola, às canelas e às chuteiras, também a
competitividade e a vontade de massacrar o adversário, de preferência com uma
goleada histórica acachapante que faça sublimar os doloridos 7 a 1 sofridos em
certa recente Copa do Mundo que... Mas me estendo e tergiverso. Foco, foco.
O fato mesmo é que entra em
campo uma notícia que vem colocar por água abaixo minha preconceituosa retórica
de ontem, comprovando que existe, sim, não só a possibilidade de um
futebolzinho de brincadeira, como a realização de uma criativa partida de futebol
de caráter cultural e literário, envolvendo times de escritores caxienses a
enfrentar uma seleção de autores arrebanhados pela Associação Gaúcha de
Escritores, a AGES, sediada em Porto Alegre. Trata-se do Desafio
Litero-Futebolístico, organizado pela AGES e pelo Patrono da 31ª Feira do Livro
de Caxias do Sul, Uili Bergamin, evento integrante do calendário de pré-atividades
vinculadas à Feira, que ocorre neste domingo, dia 27, a partir das 15h30min, na
quadra de futebol society do Planeta Bola, no bairro Santa Catarina. A entrada
é franca e estão todos convidados a verem escritores caxienses e gaúchos
concretizando tratos à bola, tudo em nome da cultura.
Como, madame? Se eu entrarei em
campo? Ah, eu estarei por lá, isso é certo. Mas é aquilo que eu disse: a pelada
é para escritores jogadores. Tenho dúvidas de que me enquadre em alguma das
categorias... Veremos.
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 25 de setembro de 2015)
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