Vem comigo, imagina a cena. Você
está solteiro(a) e em busca de um(a) parceiro(a). Aí você encontra alguém que
parece ser uma pessoa bacana, legal, atraente, simpática e mais aquela fila toda
de atributos que convencem você a arriscar convidar a tal pessoa para um
jantar, a fim de se conhecerem melhor e blá-blá-blá e bli-bli-bli e até, quem
sabe, humm, pois bem, vamos ver no que vai dar. Ou não.
Aí você joga as fichas, faz o
convite, escolhe um restaurante bacana e a pessoa topa no ato! Opa, bom sinal,
a coisa começa promissora. Se você é homem, você se prontifica a pegá-la em
casa; se é mulher, espera e aceita que ele o pegue. Se forem homens e mulheres
descolados, vão cada um com seu carro e se encontram lá; se forem moderninhos,
ele não tem nada contra que ela passe lá e o pegue e, se forem dois estudantes
pés-rapados, cada um vai com seu camelo, como na canção aquela. E se forem dois
homens, cada um faz como quiser, e, se forem duas mulheres, também, fica por
conta de cada uma, que crônica e cronista são desprovidos de preconceitos.
Aí então você já está lá no tal
restaurante (ou bar, boteco, lancheria, o que for, porque também ninguém
precisa comprometer o salário do mês com essa nossa história aqui), na
companhia da tal pessoa-tudo-de-bom, quando ela faz uma observação que o(a)
deixa encantado(a). Ela (a pessoa) profere a frase que age como uma chave
mágica para flechar o seu coração e fazer você se apaixonar perdidamente por
ela (pela pessoa), que acaba de comprovar que é, sim, a pessoa da sua vida.
E o que ela diz? Ora, simples.
Ela coloca os cotovelos sobre a mesa, entrecruza os dedos das duas mãos, apoia
sobre elas o queixo e, em meio a um doce sorriso, olhando você direto nos
olhos, a cabeça meio inclinada, profere: “Fale-me sobre você”. Ora, isso sim, é
que é encantador. Ela quer que você discorra justamente sobre o assunto que
você mais gosta de falar: você! Você mesmo! E, claro, você não perde a deixa e
sai falando, falando, porque você isso, você aquilo, você aquela outra coisa...
Ah, mas que pessoa maravilhosa essa, para ter ao seu lado, se tudo o que ela
quiser é que você possa exibir a ela o quão interessante, maravilhoso,
magnífico e cativante é você mesmo, não é mesmo? Que raridade! Não a deixe
escapar! Fisgue essa pessoa e viva feliz para sempre. Você, né...
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 2 de agosto de 2013)
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