“Desculpem, perdão, errei, eu
estava equivocado. Lamento muito, especialmente se meu erro causou algum dano
eventual a alguém. Já estou fazendo uma avaliação para detectar os motivos
pelos quais cometi o erro, e vou me esforçar para que eles jamais voltem a se
repetir. Grato pela compreensão de todos”.
Palavras e frases como as
elencadas acima são aquelas que a gente espera escutar de alguma pessoa
(qualquer pessoa) que tenha cometido um erro, seja esse equívoco voluntário ou
mesmo involuntário. Como todos bem sabemos, uma das graças de sermos humanos
reside exatamente nessa capacidade que temos de cometer erros, reconhecê-los
enquanto erros, admiti-los, refletir sobre eles e, especialmente, aprender com
eles, evoluindo e nos tornando pessoas melhores nesse processo. É por isso que
costumamos ser tolerantes com quem erra, percebe, admite, faz autocrítica e se
esforça para não repetir o erro e evoluir. Gostamos de ver esse tipo de atitude
tanto nas pessoas que nos cercam quanto em nós mesmos, e é o mínimo que
esperamos das personalidades públicas.
Quando não o fazem, ou seja,
quando insistem teimosamente em tapar o sol com a peneira, em não admitir seus
erros mais escancarados, em encastelarem-se na soberba do não arrependimento,
passamos a desconfiar profundamente dessas pessoas, porque sabemos que, no
fundo, elas não acalentam dentro delas nenhum pingo de propósito de evoluírem.
Elas não vão mudar. Elas vão continuar a cometer esses erros e todos os outros
que advierem dele. São incapazes de fazer autocrítica, porém, estão sempre no
início da fila dos que gostam de criticar os erros alheios. Nossa tendência
natural é nos afastarmos dessas pessoas, quando elas integram nosso círculo de
relações, ou a desabonarmos a imagem da pessoa quando se trata de figura
pública.
A pior consequência que se
apresenta a quem se agarra a esse tipo de atitude é a perda da credibilidade do
público e da parte de quem cerca o teimoso. Isso porque, com sua atitude, a
pessoa acaba passando recibo de que é, além de incorrigível, mal-intencionada.
E, além de incorrigível e mal-intencionada, ainda desdenha da inteligência dos
demais, insultando-os ao imaginar que engolem as desculpas esfarrapadas que
apenas tentam camuflar sua incamuflável arrogância.
Reconhecer os erros e fazer
autocrítica são atitudes civilizadas que se espera de pessoas maduras e
confiáveis. Ainda mais quando são figuras públicas. E mais ainda quando
pretendem continuar sendo figuras públicas e com suas imagens em alta. Pena que
às vezes tem uns que...
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 15 de julho de 2014)
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