Ah, esses cientistas
maravilhosos e suas pesquisas transformadoras! Eu sou vidrado nessas notícias
surpreendentes sobre descobertas de ponta realizadas em laboratórios
desconhecidos decorrentes de experimentos com voluntários de todos os tipos,
comprovando teses até então inimagináveis.
Adoro descobrir que quem come mais melancia
vive seis dias a mais do que quem come bergamota, coisas desse tipo. E sou
altamente influenciável por tudo aquilo que leio, porque acredito no poder da
palavra impressa. Uma vez que melancia é melhor do que bergamota, passo um
período me fartando de melancia e discriminando as bergamotas. Isso até me
deparar com outra pesquisa indicando o consumo de bergamotas (com casca,
semente e felpinhos) como benéficas contra a queda de cabelo. Ah, é na hora que
jogo pela janela as melancias (isso foi apenas uma figura de linguagem, ok?) e
sequestro sacas e sacas de bergamotas na feirinha aqui do lado do prédio onde
moro. Isso sou eu, o mais feliz cidadão influenciável pela ciência do planeta.
Agora a notícia científica que
me ataranta vem de um laboratório na Escócia, afirmando que possuir um cachorro
de estimação tem o poder de fazer com que a pessoa se sinta até dez anos mais
jovem. Ah é? Pois agora, quero um cãozinho. Vou esperar minha esposa chegar e
anunciar que amanhã mesmo haverá um cão nessa casa e, com isso, ela passará a
ter um marido rejuvenescido em uma década. Não! Dois! Dois cãezinhos! Totó e
Tutu! Decidido! Dois! Quero voltar a me sentir com aqueles revigorantes vinte e
poucos anos! Ah, que maravilha essas descobertas da ciência moderna!
A descoberta do tal cientista
escocês é fruto de pesquisas feitas sobre o comportamento de 547 pessoas (isso
que dá credibilidade para a coisa toda... foram 547 analisados, e não apenas
324 ou insignificantes 436...). Havia aqueles com cãezinhos e os sem cãezinhos.
Ah, mas foi tudo de bom com os cãezinhos, e foi uma tristeza com os sem
cãezinhos, cheguei a ficar com pena! Além de se sentirem mais jovens, os com
cãezinhos fazem mais exercícios por dia do que os outros, porque passeiam com
seus animaizinhos e ainda por cima ampliam sua rede social, pois se encontram
na rua com pessoas (outras com cãezinhos e também algumas sem cãezinhos, que
param para admirar o seu cãozinho), passam a conhecer os vizinhos e podem adicionar
mais amigos no facebook.
Está decidido. O que a esposa
pode é discordar dos nomes, mas amanhã mesmo estarei passeando pelo parque com
Totó e Tutu, ou seja lá quem forem. Totó, Tutu e eu, lépido e fagueiro, no alto
de meus rejuvenescidos vinte-e-tantos aninhos!
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 19 de julho de 2014)
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