Está comprovado: o Faustão
engorda. Não, não, espere, posso ter me expressado mal ao iniciar esta crônica
com frase deliberadamente ambígua. Não estou me referindo a algum suposto
processo de engorda repentina a acometer o famoso apresentador de televisão que
invade as tardes de domingo da população brasileira há décadas. Refiro-me é aos
efeitos biológicos de assistir a programas semelhantes ao dele, que agora foram
detectados em laboratórios suecos. E a questão é que engorda.
O que acontece é que os cientistas
da Universidade de Uppsala, na Suécia, fizeram lá suas pesquisas com algumas
centenas de voluntários e chegaram a uma instigante conclusão, agora divulgada
pela mídia internacional: assistir a programas de televisão considerados chatos
pode fazer a pessoa comer 50% mais porcarias do que quando ela está assistindo
a programas divertidos e agradáveis. Ou seja, saindo do sueco e traduzindo para
o brasileiro: afundar no sofá, em frente ao Faustão, engorda.
Sim, porque, conforme os mesmos
cientistas, o que você busca quando se afofa no sofá da sala esgrimindo o
controle remoto da tevê é prazer e satisfação. E se esse deleite e essa
satisfação não são satisfeitos com aquilo que transita na telinha à frente de
seus olhos, o seu subconsciente, esse sacana, induz você a ir buscar no consumo
de porcarias (salgadinhos, chocolates, refrigerantes e afins) aquela sensação
de prazer que você tanto está desejando. E aí é aquilo: pobre da balança no dia
seguinte, que vai escutar poucas e boas, além de ter de aguentar em cima dela
os quilos a mais que você mesmo cultivou ao longo do final de semana.
Um dos testes realizados lá em
Uppsala foi assim: fizeram a turma assistir a um programa humorístico de
auditório e depois a um documentário sobre arte. E anotaram nas planilhas para
ver em que ocasião a turma devorava mais chipitos e porcarias. Resultado:
comeram muito mais assistindo ao documentário do que ao programa de auditório.
Conclusão: comem mais quando assistem a programas chatos. Só que é aí, amigos
leitores, que entra em cena a questão da subjetividade, que põe por terra todo
o rigor científico da conclusão da pesquisa. Quem disse que documentário sobre
arte é mais chato do que programa de auditório?
Ainda bem que eu não estava lá
em Uppsala entre os voluntários, porque, se estivesse, embaralharia os
resultados da tal pesquisa, por não suportar o apresentador sueco colega do
Faustão. E teria ficado vidrado na tela durante a exibição do documentário
sobre arte, dito chato para os demais. “Tudo é relativo”, diria Albert
Einstein, comendo pipoca.
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 18 de julho de 2014)
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