Isso deve ter sido lá por 1980
ou 1981, se não me falha a memória (a memória é claro que falha, especialmente
quando começa a ficar sobrecarregada com o acúmulo de vivências, como bem
sabemos eu e os senhorezinhos e senhorazinhas que me leem). O fato é que, naquela
época, eu devia ter uns 14 ou 15 anos e transitava na fronteira entre o ensino
fundamental e o médio (primeiro e segundo graus, né, senhorezinhos). Foi aí que
conheci Pong.
Aconteceu quando fomos visitar a
casa de uma família de amigos de nossa família (nossos pais eram amigos e, por
tabela, minha irmã e eu ficamos amigos do trio de filhas deles). Chegamos
aquela noite lá e as meninas estavam estranhamente quietas, enfurnadas em uma
saleta, o que não era nada comum em se tratando delas, sempre tão falantes,
elétricas. Mas havia chegado o Pong, que transformara a rotina daquela casa.
Ele transformaria a mim e estava transformando grande parte dos lares de todo o
mundo ocidental, primeiro aos pouquinhos, depois em avalanche. Pong, o primeiro
videogame comercializado pela Atari.
Bastou meio minuto para também
eu viciar no Pong. A televisão transformara-se em um tabuleiro preto no qual
duas barras verticais brihantes se moviam uma em cada canto da tela, atendendo
aos comandos dos jogadores em um console manual, tentando rebater uma bolinha
que quicava fazendo “piiing”, a reproduzir uma partida de pingue-pongue. Uau!
No Brasil, o produto foi lançado como “Telejogo Philco”, e era caríssimo. A
partir daquele dia, passei a visitar dia sim e dia também as minhas amigas. Eu
já vinha desejando ampliar a frequência de minhas visitas antes disso, mas por
andar cultivando paixonites platônicas de forma revezada por cada uma delas:
Carin, Cristina, Claudia. Só que agora havia o Pong. Ah, o Pong! Que fascínio!
No final de semana, morreu o
cientista alemão Ralph Baer, aos 91 anos, considerado o “pai dos videogames”.
Foi ele quem inventou esse joguinho e os primeiros consoles, o Magnavox
Odyssey, depois copiado pela Atari e lançado como Pong. Morreu o homem que
desviou minhas atenções de Carin, Cristina e Claudia. Já o Pong... Suspiros!!
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 9 de dezembro de 2014)
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