Quer saber como fazer? Eu vou
dizer. Não devia, mas vou dizer. A generosidade e o desprendimento me capturam
nessas épocas de final de ano e começo de outro ciclo, e que não fiquem sabendo
disso os que pensam em me pedir empréstimos e favores! Mas sou assim, fico mole
nesse período que vai de 20 de dezembro a dois de janeiro. Aproveitem!
Mas do que, afinal de contas,
desejo falar? Calma, minha senhora, já vai. Não despreze o valor de uma boa
introdução. Desdenha introduções há anos? Questão sua, minha senhora, questão
sua. Acho-as importantes, e há quem me apoie nesse quesito, posso lhe
assegurar. Em frente, portanto, que o ano se acaba e há outro ali adiante, já
ansiado para querer entrar. Mas tudo a seu tempo.
O que quero é discorrer sobre
espumantes. Sim, isso, espumantes. Champanhe, como se costumava dizer nos
tempos passados, nem tão passados assim. Por que diabos? Ora, minha senhora,
puxe os óculos para a ponta do nariz e meta a cara no calendário, sem pudores.
É final de ano, estamos prestes a celebrar um novo ano, e a data rima com
espumante, e não é de hoje. Antes, rimava com champanhe, porque não havia quem
lhe acompanhe. Agora é espumante, a bebida borbulhante. Rimaram, sim? Rimas
ruins? Bom, culpa sua, senhora, que me alfineta e me induz a tecer crônicas
pisando em ovos.
O que eu queria era conversar ao
pé do ouvido com o amigo leitor, e não necessariamente com a senhora, dessa vez.
Dizer a ele que, nessa época de festas, ele pode aproveitar para fazer o charme
e a moral com os amigos e principalmente com as amigas, revelando-se um exímio
servidor de espumantes. Porque o charme do espumante reside, muitos por cento,
na arte de saber servir. Na técnica correta de abrir a garrafa sem desperdiçar
o precioso gás e de saber verter o valoroso líquido na taça, fazendo-o
resplender em borbulhas a noite inteira. Bebida dos deuses, sim, mas somente se
for servida por um emissário dos deuses: você. E aí, meu amigo, está feita a
festa!
Mas não vai dar, desculpe. A
senhorinha ali insiste em me olhar torto e chocou meu entusiasmo, arrefeceu
minha generosidade. Fica para o ano que vem. Saúde!
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 29 de dezembro de 2014)
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