Eu não estava lá, mas fiquei
sabendo porque me contaram. O cenário: os pavilhões da Festa da Uva, onde, no
final de semana, uma empresa de grande porte concretizava a festa de final de
ano para seus funcionários e familiares. O motivo: entrega de cestas natalinas
aos funcionários e de presentes para seus filhos. O protagonista: meu afilhado,
um cidadão de dois anos e sete meses de idade. O personagem coadjuvante: Papai
Noel, aquele ser de longas barbas que veste um quentérrimo pijama vermelho em
pleno calor de dezembro. O causo: é isso que vou narrar agora, leitor.
O causo se deu assim: tarde de
sol nos Pavilhões, final de semana, a gurizada correndo doidivanasmente para
cima e para baixo, fazendo a festa e ligando as atenções de seus pais, todos na
expectativa da chegada do Papai Noel, aquele que tem a incumbência de trazer
presentes. Em dado momento, Papai Noel chegou e passou a distribuir presentes a
todos os meninos e meninas que se comportaram e foram bonzinhos ao longo do ano
que passou. Por coincidência, e deitando por terra a credibilidade de qualquer
instituto de pesquisa, a totalidade absoluta da criançada se comportou bem e
era merecedora dos presentes que Papai Noel trazia. Entre eles, meu afilhado,
lógico, o João Vitor.
Papai Noel, que possui poderes
extranaturais, havia deixado um presente a ser entregue ao João Vitor, o que
foi feito por seus pais, lá nos pavilhões. Entregaram o brinquedo ao meu
afilhado e informaram que Papai Noel, aquele ali, de barba e de vermelho, é
quem havia mandado fazer a entrega para ele. Dito isso, João Vitor disparou. E
disparou reto em direção ao Papai Noel. Chegou perto das barbas do bom velhinho
e fez o que havia decidido fazer, em um ímpeto incontrolável: agradeceu.
“Obigado, Papainoéu”, disse ele. E voltou correndo para junto de seus pais.
João Vitor é um garoto educado.
Recebeu o presente e decidiu que tinha de ir agradecer. Decidiu por conta
própria. Por uma questão de consciência pessoal. Porque acha que é preciso
demonstrar gratidão a quem lhe faz um agrado. Tem menos de três anos de idade. Já
é um cidadão. Que siga assim.
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 15 de dezembro de 2014)
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