Nem tanto ao céu, nem tanto à
terra. E um viva às frases de efeito, que nos socorrem generosamente sempre que
a criatividade pega as malas e vai-se ao Beleléu (que é que tanto faz minha
criatividade lá em Beleléu é algo que ainda terei de investigar,
oportunamente). Mas o lugar-comum a que lancei mão ali na abertura deste texto
se justifica porque desejo tecer um comentário sobre a importância de sermos
prudentes (como dizia um selvagem amigo meu chamado Oscar) em tudo, sem
exageros, sem obsessões.
O equilíbrio é sempre a melhor
prevenção contra um joelho esfolado (essa inventei agora, palmas, palmas). Digo
isso porque, dias atrás, um amigo meu me alertava sobre os riscos à saúde
existentes no fato de eu portar o telefone celular dentro do bolso esquerdo das
minhas camisas. “Trata-se de uma potente fonte de energia e isso, quando
acionado, dispara fortes descargas elétricas que podem não fazer bem ao
coração”, informava meu amigo, no que está coberto de razão. Sua admoestação me
fez refletir e, desde então, ando portando meu celular dentro de uma pasta que
carrego comigo para cima e para baixo quando me lanço às ruas ao léu (não em Beleléu,
lugar mais belo do que o Léu, como o nome já indica), repleta de utilidades
como sombrinha azul-clarinha para espantar a chuva, bloco de notas, caneta para
escrever as notas no bloco de notas, livro para ler quando espero (nas salas de
espera, nas lojas em que a esposa se some, nos cafés antes das reuniões),
balinhas refrescantes, pen drive e outras coisitas.
Estava eu feliz e contente com
minha nova atitude quando chega a notícia de que um cidadão caxiense, dias
atrás, ao reagir a um assalto em um estabelecimento comercial, levou um tiro no
peito desferido pelo criminoso e só não morreu porque a bala atingiu o aparelho
celular que ele portava. Onde? Sim, ali mesmo, no bolso esquerdo da camisa! Não
fosse isso, o sujeito já teria ido se encontrar com a minha inspiração lá em
Beleléu! E agora, como é que fica? Bom, fica tudo igual, o celular segue na
pasta. Afinal, pensando bem, jamais reagirei a um assalto. Prefiro seguir por
aqui mesmo, ao léu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário