Informes vindos de todos os
lados me dão ciência de que o litoral já anda apinhado de veranistas, nem bem
entrado dezembro. O calor, o tempo firme (ao menos, enquanto redijo essas
digitadas linhas), o clima natalino, a vontade de começar logo os rituais de
encerramento do ano, a brisa que se transforma no nordestão mas tudo bem, o
copo de caipirinha gelada vendido a preço de garrafa inteira de vodca mas tudo
bem também, o cheirinho irresistível do milho cozido, o guarda-sol que sai
voando, o cachorrinho tão fofinho da moça que desfila atrás dele seu bronze em
fio-dental e que a gente finge que não vê, a barriga branca do senhorzinho
enfiado na bermuda que a gente faz questão de não ver mas acaba vendo, a
profusão de chinelos-de-dedo, a correria da criançada, o barulho do mar... ah,
o mar... o mar, o mar.
Tudo isso já está rolando a
poucos quilômetros daqui e eu ainda mergulhado em afazeres, em trabalhos a
concluir, em prazos a cumprir, compras a fazer, contas a pagar, demandas a resolver,
óleo do motor do carro a trocar, lista de presentes a solucionar, pendências a
concluir, coisinhas aqui, coisonas acolá, mas a mente, a alma, o espírito e as
vontades todas direcionadas às areias, essas mesmas que tocam o nosso litoral
gaúcho, sempre tão desmerecido quando comparado ao resto do país, mas que todos
os anos faz a alegria de tantos de nós, fielmente, com o nordestão e o pacote
todo. Ah, o mar, o mar...
Às vezes fico pensando que seria
mais fácil suportar essa distância se ao menos chovesse por aqui (mas não na praia,
não sou estraga-prazeres e nem invejoso), pois, assim, eu não seria invadido
minuto a minuto por esse clima praiano de sol, calor e brisa que permanece no
meu entorno urbano de trabalho enquanto fico pensando no mar, no mar, no mar...
No doce-salgado barulho do mar, nas ondas do mar, nas conchas do mar, nas
areias e sereias do mar, do mar, do mar...
Se ainda não posso estar lá, ao
menos inundo meus ouvidos com esse balanço de um mar imaginário. É o estímulo
que necessito para solucionar as demandas e logo mais, ali adiante, molhar meus
pés no mar, no mar...
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 8 de dezembro de 2014)
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