Ah, estudar, estudar, ampliar as
fronteiras do seu próprio universo a partir da apreensão do conhecimento. Que
delícia, que prazer, que aventura, que sucessão de emoções! Meu avô já me
dizia, na minha infância: “estuda, Maco – pois que ele me chamava e chama até
hoje de “Maco” –, estuda e aprende, já que essa é a única coisa que parece que
tu sabes fazer direito”. E lá ia eu arrolhar as fuças nos livros e lia
aventuras de Sherlock Holmes e traquinagens da boneca Emília pelo Sítio do
Picapau Amarelo, sem me dar por conta de que lendo o que gostava estava de fato
estudando e aprendendo da melhor forma possível.
O que meu avô não disse pro Maco
aqui (hoje já um verdadeiro “Maco véio”, como agora me chama meu afilhado) era
que, nessa coisa de ler e estudar, reside um fenômeno surreal e inexplicável,
que consiste em uma sensação de que quanto mais se lê e se estuda, menos se
sabe das coisas e mais é preciso ler e ler e estudar e estudar, em um ato
vicioso contínuo e interminável ao longo de toda a existência de um Maco
leitor. E ainda bem que não disse, pois isso é coisa que se descobre sozinho,
da mesma forma como a maioria dos prazeres da vida. Mas tergiverso antes de
entrar na essência da crônica de hoje, pra variar.
Eu já revelei aqui, a leitora
atenta haverá de lembrar, que nada sei da língua francesa além de “bonjour”.
Mas esse pouco-quase-nada que sei, estudioso que sou, me permite abrir um vasto
universo de reflexões. Sim, porque, conforme andei aprendendo, os franceses
utilizam apenas dois tipos de cumprimentos ao longo do dia: esse “bonjour” aí,
que é usado tanto pela manhã quanto à tarde, ou seja, sempre que houver sol no
céu, mesmo que nublado esteja; e “bon soire”, usado à noite (“boa noite”). Simples
assim. Bem mais fácil que nosso português, que precisa do “bom dia” de manhã,
do “boa tarde” à tarde e do “boa noite” à noite. E mais fácil ainda que o
inglês, que usa “good morning” de manhã (”boa manhã”), “good afternoon” à tarde
(“bom pós-meio-dia”?!), “good evening” à noite quando está chegando e “good night”
à noite quando está partindo. Eita!
Interessante que nenhum povo
parece se cumprimentar de madrugada, quando todos os gatos são pardos (até
mesmo na França). Mas lerei a respeito e voltarei ao assunto, aguardem notícias
do Maco véio. Good by.
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 10 de junho de 2015)
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