Desde criança, sempre cultivei
um fascínio profundo pelos insetos que me rodeavam. Mesmo tendo nascido,
crescido e espichado em áreas urbanas, minha infância não se deu somente entre
quatro paredes de concreto, as fuças enterradas dentro de livros, como uma
análise superficial de minha biografia poderia sugerir. Apesar de gostar de ler
desde muito miudinho, também tive lá meus joelhos esfolados por escorregar no
cascalho correndo ao ar livre, levei tombos de bicicleta, caí de árvores, fugi
de cachorros, pisei em roseta, espinhei dedo, colhi bergamota, levei picada de
marimbondo, entre outras aventuras típicas de quem também respira fora de casa
e passeia a cabeça ao sol.
Em meio a esses cenários de
fundo de quintal, minha atenção sempre foi direcionada à atividade dos insetos,
que me encantavam (e ainda encantam) devido às suas formas estranhas, à
composição anelada e encaixada de seus corpos, à profusão de asas, antenas e
pernas, originando combinações esdrúxulas e surpreendentes, como só mesmo a
Natureza seria capaz de conceber. Uns voam, outros, rastejam; uns são
simpáticos, outros, dão medo; alguns são belos, outros, horripilantes; uns
cantam, outros, gritam, enfim, um universo imenso e indecifrável acolhe o
incontável número de seres passíveis de serem agrupados na classificação de
insetos, a fazerem companhia aos dias de infância que permanecem vivos na
memória de quem a teve (a infância) e de quem ainda a tem (a memória).
Anos atrás comecei a escrever
uma crônica para o jornal Pioneiro,
na qual elencava alguns desses insetos que, a meu ver, andam meio sumidos do
cotidiano urbano nesses dias de hoje, e dos quais eu andava meio saudoso de ver
por aí, como a joaninha, o louva-a-deus, o vagalume, a libélula e outros. Mas o
texto ficou comprido demais e deixei que adormecesse na gaveta (quer dizer, no
HD do computador). Isso até descobrir que o artista plástico Antonio Giacomin
compartilhava esse mesmo fascínio e andava desejoso de pintar insetos em suas
geniais aquarelas. Foi o que bastou para firmarmos a parceria e lançarmos em
conjunto o livro “Insetolândia: Uma Viagem ao Redor do Quintal”, viabilizado
pelo Financiarte. Neste sábado, dia 10, Giacomin e eu autografaremos a obra no
Leiturário da Feira do Livro de Caxias, a partir das 15h. Quem quiser, é só
chegar, afinal, de formiga em formiga, se preenche um formigueiro.
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 10 de outubro de 2015)
Nenhum comentário:
Postar um comentário