Daí você passeia na internet
pelos sites de notícias de empresas jornalísticas nacionais e internacionais
ditas “sérias” e vai sendo confrontado por chamadas para a leitura do tipo:
“Modelo promete fazer strip caso seu time retorne à Série A”; “Cantora Fulana
sensualiza durante evento de moda”; “Sicrana de Tal e banda planejam show
pelados”; “Loira misteriosa é flagrada saindo de hotel com Jogador Beltrano”,
“Senhorita de Tal aplica não-sei-o-quê nas coxas e será capa de revista
masculina”, e assim por diante. Isso apenas em uma rápida rodada com o mouse em
punho, e para ficar somente nas chamadas menos cabeludas, porque, sim, madame,
há as bem mais cabeludas que isso, asseguro.
E, daí, pergunto: a que serve
essa espécie de exposição na mídia? Ora, um dos aspectos da questão é
facilmente respondível: serve aos propósitos de conquista da fama a qualquer
custo, perseguida com afinco e voracidade por celebridades, subcelebridades e
candidatos a subsubcelebridades em todos os quadrantes do planeta, homens e
mulheres. Lógico, claro e cristalino. E não questiono aqui os métodos
utilizados por cada um em busca de seus objetivos, afinal, cada qual luta com
as armas de que dispõe, e não sou juiz para julgar coisa alguma. Afinal, quem
garante que, fosse eu popozudo, não estaria também criando factoide e
prometendo tirar a roupa no chafariz da Praça Dante (depois de encerrada a
Feira do Livro, lógico) caso o Juventude e o Caxias ascendam à Eurocopa em
2098? Tudo é possível...
O que me pergunto é o que
explica e justifica a visão dos pauteiros e editores dos sites de empresas
jornalísticas mundiais ditas “sérias” ao decidirem dar visibilidade a essas
claras e tristes tentativas de geração de factoides em busca da fama por parte
das subsubsubcelebridades? A mera conquista de índices de leitura basta para
justificar as chamadas para o vazio e o nada? Ameaçar tirar a roupa é notícia? Até
que ponto o jornalismo anda se dispondo a ser conivente com a banalização da
baixaria? Publica-se porque todos querem ver, isso justifica e basta?
Não, eu não estou defendendo
censura. Estou debatendo prudência frente ao sensacionalismo barato e critério
jornalístico. Se é que isso também já não foi extinto há muito tempo.
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 16 de outubro de 2015)
Nenhum comentário:
Postar um comentário