Nesse mundo em que vivemos, habitado
e comandado por seres humanos, não podemos correr o risco de sermos ingênuos. A
ingenuidade também tem um preço a cobrar e, na maioria das vezes, a conta é bem
alta. Não significa defender que sejamos maquiavélicos, mal-intencionados e malvados
como os Minions, não. Precisamos é saber nos defender das gentes que são desse
jeito e, tão importante quanto isso ou até mais, precisamos saber nos precaver
contra eles, contra suas intenções, contra suas atitudes, antever seus passos,
detectar suas reais intenções, para não corrermos o risco de sermos conduzidos
e manipulados como cordeirinhos a serviço de seus escusos interesses.
Não é fácil. É preciso estar
sempre alerta. Afinal, ninguém dá nada de graça. Também não significa adotar a
paranoia geral como estilo de vida e passar a detectar a ação de supostas
teorias da conspiração em tudo, longe disso. Apenas é conveniente ficar atento
para a manipulação dos fatos e aos discursos que, na verdade, camuflam as reais
intenções das coisas. Nem sempre é assim, mas, muitas vezes, infelizmente, é, e
é aí que mora o perigo. Em recente e muito lúcida entrevista concedida ao
jornal Zero Hora, o Comandante do
Exército Brasileiro, Eduardo dias da Costa Villas Bôas, fazendo uma análise de
atual conjuntura internacional, com seus conflitos localizados, declarou: “qualquer
confronto tem fundo econômico, mas se reveste de outros aspectos para ter
legitimidade”. Bingo! Na mosca!
O Comandante referia-se
especificamente aos conflitos armados registrado ao longo da história humana,
mas sua reflexão vale para tudo. Tanto nas guerras, nas quais o fator motivador
quase sempre é o econômico (que precisa ser camuflado) quanto em várias outras
situações do cotidiano social, as verdadeiras razões que movem certos atos, movimentos,
posicionamentos e discursos são camuflados sob o manto de teses palatáveis e
defendíveis, fáceis de ganharem adeptos e apoiadores. Seria diferente caso os
reais motivos fossem explicitados, portanto, é necessário dourar a pílula para
que ela desça redonda.
E a pílula sempre desce redonda
na garganta dos incautos e dos ingênuos, que se transformam em massa de manobra
sem que se deem por conta disso. Aí é que mora o perigo, pois, como na Justiça,
o argumento de não conhecer a lei não absolve a pessoa do crime que cometeu. Olhos
foram feitos para serem mantidos abertos.
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 22 de outubro de 2015)
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