A semana começou com o pé
direito, já com uma notícia boa e alvissareira vinda do balanço geral feito
pela organização da 31ª Feira do Livro, que se encerrou domingo após 17 dias de
debates, livros, livreiros, escritores e leitores transitando pela Praça Dante
Alighieri. À parte a crise econômica que também se refletiu na queda das vendas
de livros (41% a menos do que na edição do ano passado, o que não é pouca
coisa), a parte boa ficou por conta da presença significativa dos autores
locais na lista dos títulos mais vendidos este ano: dos dez mais procurados,
três são escritores daqui. Bom, hein?
Eternamente campeã de vendas em
qualquer feira literária, a Bíblia naturalmente também está na lista, ocupando
uma das posições, até porque, ninguém vai ser desavisado a ponto de querer
competir com o Autor desse atemporal best-seller. Sobram, então, nove posições
a serem preenchidas por escritores terrenos e mortais e, entre elas, um terço
ficou com os locais. Foram eles: Felipe Gremelmaier, com seu “Ora Bolas”; Pedro
Guerra, com “Queda Livre” e o Patrono da Feira deste ano, Uili Bergamin, com
“Cadê a Tampa?”. Juntos, os três venderam mais de 600 exemplares, o que é
significativo em tempos de crise e também em uma época em que se fala tanto na
(discutível) crise de leitores de livros impressos.
O campeão de vendas foi “O
Diário de Um Banana”, de Jeff Kinney, best-seller mundial que, sozinho, vendeu
quase mil exemplares aqui na nossa Praça. Compreensível, haja vista o poder da
mídia em que se ampara. Por outro lado, os nossos três escritores locais cujas
performances foram excelentes possuem a seu favor tão-somente o poder de fogo
de seu próprio talento e de sua dedicação à escrita e ao mundo da literatura,
aprimorando seus textos e protagonizando os processos de formação de leitores, desenvolvendo
atividades literárias junto à comunidade. Colhem, assim, os merecidos frutos de
seu esforço e passam uma rasteira na batida máxima de que santo de casa não faz
milagre. Aqui, em Caxias, faz, sim.
Ponto também, e com estrelinha,
para os leitores caxienses, que sabem reconhecer a qualidade existente na
literatura produzida por escritores de verdade que moram na vizinhança de suas
próprias casas. Aqui, em Caxias, se escreve bem e se lê bem também. Os números
provam o que dizem as letras.
(Crônica publicada no jornal Pioneiro em 20 de outubro de 2015)
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